21-10-2006- Jericoacoara
1. Acordei novamente às 4 da manhã. Credo, o que se passa comigo? Bebi um sumito e saí, subi a uma duna mais afastada do mar e fiquei à espera do Astro, enquanto escutava os ruídos da Natureza. Aprende-se muito a ouvir a Natureza. Por exemplo, nunca tinha reparado que o zurrar do burro se assemelha a um fanhoso a levar no rabo [as coisas que eu digo]
Enfim o Sol chegou, tirei fotos como um japonês, e depois tive que esperar duas horas até que os calões da Calanda (pensão) se decidissem a servir o pequeno almoço.
2. Pequeno Almoço que enfardei:
- café com leite
- pão com fiambre e queijo
- suco de abacaxi e suco de maracujá
- iogurte natural caseiro
- bolo de chocolate
- panquecas com mel
O Açucar tem formigas? ATÉ AS COMEMOS, CARAGO!!!!
3. Vou postar aqui este texto do carioca poeta do Amor, Vinícius de Moraes. Já o tinha reproduzido no emérito e moribundo blog ¨ Saudosos do Porco Sujo¨. mas é tão bonito e verdadeiro que nunca é demais.
¨Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os¨
4. Hoje está um calor de ananazes, como dizia o Eça, ou o Peça, ou outro finado, não interessa. Pela primeira vez desde que cheguei, o vento amainou um pouco. Salvé vento, que criaste estas dunas. São nove da manhã e já não consigo estar na rua. Por um lado, ainda bem, dentro de dois dias vou para Parnaíba, no Estado do Píaui, o mais quente do Brasil. Por isso, é bom que me vá acostumando
Atendendo à canícula, planeio ler o dia inteiro, dormir uma sesta, e lá para o fim da tarde visitar o Atlântico.
5. Tenho um costume, que partilho com o meu núcleo duro, como gosta de definir o meu amigo Demo Lucífer Mefistófeles de Satanás, vulgo David Valadão (vulgo mesmo, seu porcooooo)
Necessito absolutamente dos meus poisos, um sítio para pendurar o meu chapéu, como desejava o Chatwin. Se gosto fico, e volto.
Em Lisboa é o meu bar, óbvio, e o Opart.
Aqui em Jeri, o Café Brasil, para uma sandocha e um suco, sempre com bossa nova e um ventilador bem em cima da minha cabeça, e ao jantar, o restaurante sabor a lenha, de um ilustre porteño (oriundo de Buenos Aires, cidade de que sinto saudades) , o tal da comida deliciosa e da garçonete bonitinha com um sorriso que ilumina. Não lhe vou perguntar o nome, ainda sai um Maria Creuza ou Edineide e lá se vai o charme.
6. Os brancos têm um desplante inacreditável!
Escravizaram, dizimaram, humilharam e oprimiram 3/4 do mundo durante séculos, 4/5 se contarmos com as mulheres das suas próprias sociedades. Agora caminham altivos e magnânimos por terem concedido, alegadamente, uma espécie de alforria aos seus ¨protegidos¨ de tez e cultura diferente. E não conseguem entender porque alguns deles ainda os odeiam...
Brancos de Merda! Ainda bem que eu sou mais p'ró acastanhado.
7. Chego ao quarto depois de uma hora imerso no Oceano. tomo um duche e deito-me na cama, de barriga para baixo, a flutuar novamente, ao som do ¨Street Spirit¨ dos Radiohead.
8. Acreditem ou não, estavam duas vacas e um bezerro à beira-mar a ver o pôr-do-sol. Tenho fotos que o comprovam.
Estive a observá-las longamente, são tão engraçadas- ¨vaquinha, vaquinha¨, até fiz festas na cabeça de uma.
Agora, no meu Restaurante, acabo de pedir um Filet Mignon mal passado
Sou um Selvagem!
1. Acordei novamente às 4 da manhã. Credo, o que se passa comigo? Bebi um sumito e saí, subi a uma duna mais afastada do mar e fiquei à espera do Astro, enquanto escutava os ruídos da Natureza. Aprende-se muito a ouvir a Natureza. Por exemplo, nunca tinha reparado que o zurrar do burro se assemelha a um fanhoso a levar no rabo [as coisas que eu digo]
Enfim o Sol chegou, tirei fotos como um japonês, e depois tive que esperar duas horas até que os calões da Calanda (pensão) se decidissem a servir o pequeno almoço.
2. Pequeno Almoço que enfardei:
- café com leite
- pão com fiambre e queijo
- suco de abacaxi e suco de maracujá
- iogurte natural caseiro
- bolo de chocolate
- panquecas com mel
O Açucar tem formigas? ATÉ AS COMEMOS, CARAGO!!!!
3. Vou postar aqui este texto do carioca poeta do Amor, Vinícius de Moraes. Já o tinha reproduzido no emérito e moribundo blog ¨ Saudosos do Porco Sujo¨. mas é tão bonito e verdadeiro que nunca é demais.
¨Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os¨
4. Hoje está um calor de ananazes, como dizia o Eça, ou o Peça, ou outro finado, não interessa. Pela primeira vez desde que cheguei, o vento amainou um pouco. Salvé vento, que criaste estas dunas. São nove da manhã e já não consigo estar na rua. Por um lado, ainda bem, dentro de dois dias vou para Parnaíba, no Estado do Píaui, o mais quente do Brasil. Por isso, é bom que me vá acostumando
Atendendo à canícula, planeio ler o dia inteiro, dormir uma sesta, e lá para o fim da tarde visitar o Atlântico.
5. Tenho um costume, que partilho com o meu núcleo duro, como gosta de definir o meu amigo Demo Lucífer Mefistófeles de Satanás, vulgo David Valadão (vulgo mesmo, seu porcooooo)
Necessito absolutamente dos meus poisos, um sítio para pendurar o meu chapéu, como desejava o Chatwin. Se gosto fico, e volto.
Em Lisboa é o meu bar, óbvio, e o Opart.
Aqui em Jeri, o Café Brasil, para uma sandocha e um suco, sempre com bossa nova e um ventilador bem em cima da minha cabeça, e ao jantar, o restaurante sabor a lenha, de um ilustre porteño (oriundo de Buenos Aires, cidade de que sinto saudades) , o tal da comida deliciosa e da garçonete bonitinha com um sorriso que ilumina. Não lhe vou perguntar o nome, ainda sai um Maria Creuza ou Edineide e lá se vai o charme.
6. Os brancos têm um desplante inacreditável!
Escravizaram, dizimaram, humilharam e oprimiram 3/4 do mundo durante séculos, 4/5 se contarmos com as mulheres das suas próprias sociedades. Agora caminham altivos e magnânimos por terem concedido, alegadamente, uma espécie de alforria aos seus ¨protegidos¨ de tez e cultura diferente. E não conseguem entender porque alguns deles ainda os odeiam...
Brancos de Merda! Ainda bem que eu sou mais p'ró acastanhado.
7. Chego ao quarto depois de uma hora imerso no Oceano. tomo um duche e deito-me na cama, de barriga para baixo, a flutuar novamente, ao som do ¨Street Spirit¨ dos Radiohead.
8. Acreditem ou não, estavam duas vacas e um bezerro à beira-mar a ver o pôr-do-sol. Tenho fotos que o comprovam.
Estive a observá-las longamente, são tão engraçadas- ¨vaquinha, vaquinha¨, até fiz festas na cabeça de uma.
Agora, no meu Restaurante, acabo de pedir um Filet Mignon mal passado
Sou um Selvagem!
3 Comments:
Ando a ler isto com sofreguidão...
[Sempre-cunhado, devem aparecer por aqui pessoas tarvés od meu blog.]
Jozze, ja tou a tratar de ti. Já todos temos bicicletas, faltas tu amore. Vou instalar um porta cinzeiro e porta minis no guiador. Ontem bébé foram 20 klms. podes ver no meu fotolog o trajecto. E ontem prometi q escrevia isto aqui. O prin não muda,ontem estava no bairro, e foi de propósito ao teu bar só pra cagar! farto-nos de rir com isso. continua fofinho. beijinhos
Ai homem,fiquei de rastos,recordo-me de tudo como se fosse ontem...Meu Pai fez anos dia 21/10, foi um dia antes...Essa pousada Calanda é linda de morrer, tenho de voltar a Jericoacoara...Amei!!! Pisei a bosta dos burros e vacas,Eu a a natureza em todo o seu esplendor...Boa viagem...vai contando todos os pormenores...Conto fazer essa mesma viagem muito em breve...Até logo! Beijos grandes
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