Saturday, November 04, 2006

3-11-2006- S. Luís do maranhão- Belém do Pará
1. Deixo S. Luís com o coração um pouco dorido. Gostei muito, tanto que as duas noites que pretendia ficar se converteram em cinco. E se tempo tivera, prolongar-se-ia mais a minha estada. É daqueles sítios em que me sinto em casa.
Isso acontece-me com Lisboa (se não fosse lá nado e criado e a visitasse, acho que sentiria o mesmo), Paris, Barcelona e Madrid, Rio de Janeiro, em menor escala por causa da miséria e violência, e Buenos Aires, onde gostava de viver uns dois meses. E agora S. Luís do Maranhão.
Vou, mas voltarei, aqui mais do que qualquer outro sítio desta viagem.
2. Decolo de S. Luís e 40 minutos depois cumpro um sonho de qualquer aspirante a viajante: Avisto pela primeira vez, do Avião, o grande Rio Amazonas. Imenso, correndo na mata cerrada, invadido por ilhéus verdejantes e alimentado por braços de água, os ramais de acesso a uma colossal e aquática Autobahn.
3. Chego a Belém. Não posso dizer que seja uma desilusão, porque também não esperava muito. A primeira impressão é que se trata de uma cidade feia, suja, sobrepovoada e sem muita alma. A zona ribeirinha junto ao Amazonas está totalmente degradada, exceptuando uma monstruosidade tipo o Port Vell de Barcelona, construído para albergar os turistas receosos do ambiente pesado da cidade. Amanhã vou dar outro passeio por aqui, a ver se mudo de opinião, mas duvido.
Enfim, estou de passagem!
4. Claro que não há feia sem senão! Ao lado do meu Hotel, Hotel Unidos, tão vulgar que nem vale a pena falar, vejo 5 palavras divinais:
RODÍZIO DE SUSHI AO JANTAR
Afinal temos noite! Ainda bem que eu não almocei.
5. Jantei Néctar e Ambrósia, ou seja, 4 pedaços de :
- temaki california
- hot harumaki
- tempura maki
- hot king
- makinara salmão
- makinara polvo
- uramaki filadelfia
- sashimi polvo
- sashimi salmão
- uramaki califórnia
tudo regado com caipirinha de saké.
6. No restaurante, para além de mim, estavam duas moças sozinhas, uma branquinha que eu pensei ser estrangeira e outra, quarentona, e claramente brasileira. Eu estava a ler, como é costume, e reparei que as duas começaram a conversar.
Estava eu a enfiar o último pedaço de sushi pela goela abaixo com um escopro e um martelo (que enjôo, meu pai do céu) quando se aproxima de mim a moça que me convida a juntar-me a elas. Ainda pensei em inventar uma desculpa, mas não me ocorreu nada e então lá fui eu, cheio que nem um abade e meio desconfiado.
A verdade é que tivemos uma conversa muito interessante, eramos um trio bastante improvável. A branquinha, Noela (credo), com pinta de hippie mal lavada, como diria o demo, é mineira, de ascendência francesa, trabalha no Ibama, de preservação da Natureza, e tem um terreno com o marido na Amazônia, onde planeia ir viver em breve para dedicar-se à agricultura.
A ¨coroa¨, cachaceira, como a própria diz, é daquelas mulheres inteligentes que se libertou após ter deixado o marido, tem mais pelo na venta que o Artur Jorge e é cheia de certezas absolutas. Estranhamente, é carteira numa cidadezinha do interior do Pará. Isto de ser mulher não é fácil, um homem com aquela cabeça não era carteiro de certeza...
E ficámos por ali a discutir de tudo um pouco, política, meio-ambiente, etc, até sermos expulsos.
O trio improvável foi então a outro bar, , onde tocava uma banda de covers. Quando entrei estavam a tocar ¨ The boy with a thorn in his side¨ dos Smiths, e por aí continuaram, mais smiths, cure, o ¨special K¨ dos placebo, cake, black dos pearl jam, etc. enquanto eu e as moças discutíamos o sentido da vida de uma forma tão profunda e esclarecida da parte delas que me impressionou. Parecíamos amigos de longa data, e não havia ali segundas intenções da parte de ninguém.
Muito interessante mesmo.
7. Amanhã à uma da tarde embarco Amazonas acima para a Ilha do Marajó. Duvido que haja Net, por isso até breve!!!

2 Comments:

Blogger Rufas said...

Ora sendo assim, até breve Jozzan...Cuidado com os 50.000 bichos estranhos que existem por essas bandas,bahhhhhhhh...Boa viagem!

11:05 AM  
Blogger carla said...

Jozzanzinho...traz-me uma folha bem exótica da vegetação mais estranha que encontrares... guarda-a bem e quando passares na alfandega se te chatearem diz que é para a "loura platinada" com um nome destes nenhum homem da alfandega te vai chatear... Boa viajem ás profundezas do pulmão...e lembra-te que nenhum insecto é temivel para o grande Jozzan!!!

4:39 AM  

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