
27-11-2007-Ciudad de Mexico- Tepoztlan
Ora bem, mais a vosso pedido do que por minha vontade, vou tentar retomar a ideia que tive na minha viagem do ano passado ao norte do Brasil e fazer uma espécie de diario da motocicleta, mas sem motocicleta,porque eu morro de pavor desses bichos.
Estes relatos vao certamente ser bastante diferentes dos anteriores, porque o México nao é o Brasil e porque estou agora bastante menos introspectivo do que entao.
A viagem de 12:15 horas foi a seca que se esperava, amenizada pelos masters of rock Led Zeppelin, pelos dois primeiros albuns de Queens of the Stone Age, por uma garrafita de tinto espanhol e por um Lorenin 2,5 mg surrupiado da mesa de cabeceira da minha Avó.
Cheguei ao Hotel Majestic (à patrao), muito bonito e localizado na fantástica Plaza Zocálo, sítio central desta cidade colossal. Cerca de meia hora depois de chegar ao quarto, desmaiei na cama King Size,que, mais do que uma cama de casal, é pelo menos uma cama threesome.
Hoje, acordei bem cedo e comecei a caminhar pela cidade, que é uma agradável surpresa, bastante limpa, relativamente bem ordenada e com uma atmosfera agradável ( só em sentido figurado, poia a poluicao é terrível). Enfim, nem parece a Megalópolis que é.
Durante a caminhada, confirmei algo que já suspeitava: TODAS AS MEXICANAS TEM CARA DE ZAMORANO

Bem,todas menos a Marcela,a minha Cyber-amiga que vive em Leon, a norte da cidade do mexico, e que amanha vou conhecer ao vivo e a cores. Para quem nao sabe,e por coincidencia, (I LOVE COINCIDENCIAS) foi essa chica que me convenceu a vir a este pais. Hoje ela ligou-me para o Hotel, e constatei com alívio que tem VOZ DE FÉMEA!
Por isso, Sr. coiffeur Paulo Viado, nao quero mais ouvir falar dessa historia de MACHETE!!!
Ao meio dia apanhei o autocarro para Tepoztlan,viagem de uma hora e pouco que fiz ao som de Azax Syndrom, um pica-miolo que me foi aconselhado por uma amiga voadora que nunca vi (coisas da Cyber-age) mas que estou certo de que ainda havemos de levantar muita poeira juntos (sem segundas intencoes;)
O autocarro deixou a cidade e comecou a escalar a cordilheira que a circunda, chegando a atingir os 3100 metros de altitude, até se avistar o imenso e verdejante vale onde fica Tepoztlan.
Este pueblo é a mítica terra natal da divindade suprema para os Aztecas, Quetzalcoatl, que é uma serpente com plumas. Os Aztecas que me perdoem,mas parece-me um pouco abichanado, esse Quetza-nao-sei-das-quantas devia ser um sucesso no Carnaval do Rio!
A vila é linda, very typical, very picturesque, etc, situada num vale e circundada por penhascos imponentes, quase austeros.
Sabia que havia uma piramide azteca, perguntei a um senhor onde era, apontou-me para o penhasco mais alto, alli esta, la ves? mesmo no topo
E lá me pus em marcha, li os avisos que diziam para levar bastante agua,para os cardiacos nao subirem, que a subida tinha um km e tal. Fumei um cigarro e pensei pffff agua é pra maricas.
E comecei a galgar as pedras do penhasco com as minhas guelras de jaquinzinho e o meu coraçãozinho de feijao preto, a 2300 metros de altitude, imenso oxigenio,portanto. Andava um minuto e descansava dois, a arfar como pastor alemao tuberculoso, sempre a lutar contra a desistencia. A minha frustracao aumentava quando via hordes de gordos e criancinhas a descer alegremente. Só pensava
DONDE COÑO ESTA EL ASCENSOR???
Após 45 minutos de subida, e já com o musculo mirrado nas 200 bpm, vi duas cruzes,uma a seguir á outra, com lápides que diziam "en memoria de... nunca te olvidaremos"! Sera que,aos 32 anos, padeceria de tao triste fim.
Mas la cheguei e valeu a pena, cenário fabuloso, vista sobre todo o vale,e um silencio que só nao era absoluto porque uma german bitch que estava com um espanhol que lhe foi bater o couro para o topo da piramide nao calava a matraca.
Por isso, e como hoje é dia de Trance, inoculei hilight tribe no miolo e deitei-me na piramide a absorver os primeiros raios de sol desta viagem na minha pele de beduino.
Ora se subir estoirou o meu pulmao, descer pulverizou os meus meniscos.
Quando cheguei a terra firme, as minhas pernas dancavam o twist inopinadamente. A parte positiva é que em vez dos meus proverbiais canicos, agora tenho as coxas do Figo e o rabiosque do Leroy do Fame.
Sentei-me num café para me alimentar, pedi una hamburguesa com queso e veio o maior hamburguer que comi ate hoje com queijo, fiambre, tomate,alface, ananás,pickles, azeitona, cebola, mostarda, ketchup, e claro, Chili.
Depois, fui á casa-de-banho, onde constava o seguinte aviso:
Sim, Mama. E limpar o rabo, já agora, nao??
No Metro de volta do terminal, entrou um puto mitra de 18 anos, em tronco nu e segurando um pano enrolado . inicia uma cantilena para pedir uns pesos, desenrola o pano que estava cheio de cacos de vidro e rebola sobre eles.
Na estacao seguinte entra um tipo com nariz de palhaco a fazer malabarismos.Dei-lhe um peso para nao lhe dar um abraco.
Bem, para quem nao queria escrever, grande testamento...
Nao sei quando volto a actualizar, por isso, hasta pronto!
P.S.perdao pela deficiente acentuacao....
27-11 by night: crónica de um sonho na cama threesome.
Estava eu em minha casa com uma moça que eu conheço (mas voces nao), a "trocar umas ideias", quando me batem à porta. Fui abrir e eram tres blacks mitras que eu nunca tinha visto acompanhados de duas gajas produzidas da maneira que se produzem as gajas que normalmente acompanham os blacks mitras.
Um deles, nitidamente a ressacar cavalo, agarra-se a mim e pergunta-me onde pode arranjar droga. Eu respondo que de droga nao sei nada, se ele quisesse fosse tentar safar-se no bairro alto. Eles começam a forçar e eu empurro-os para fora, num corredor que ja nao era o meu mas o de uma das minhas casas de Quarteira.
No fundo do corredor, junto ao elevador, há uma festa, e eu empurro a mitra para o meio da multidao onde avisto a Susana e onde se perde a tal moça que eu conheço (mas voces nao).
Regresso a casa, que já é a minha casa de Quarteira, meto a chave na porta para trancá-la e ir dormir, quando sinto uma chave do outro lado. Abro e vejo os blacks outra vez, junto com um monte de pessoal na galhofa, entre os quais estava a Susana, que presumi ser ela que tinha a chave.
Desatinei com aquela gente toda e fui para casa do Demodave.
Quando lá estáva aparecem o José Figueiras e a vaca histérica da Julia Pinheiro, na galhofa, a dizer que queriam entrar, que era um directo para a TV. Nós protestámos, mas eles forçaram a porta e entraram. Eu gritei imenso, mas o Dave ficou logo na boa porque estava em directo para a TV (puta vendida).
Voltei para casa e na minha rua estava um enorme aparato policial e militar. Entrei no meu predio de Telheiras, e no corredor da minha casa de Quarteira, e ao chegar á minha porta vi uma chave do lado de fora e policia por todo o lado. Entrei e estava tudo revolto, eu desesperado porque me tinham roubado tudo e os policias a remexer tudo na cozinha. Perguntei o que procuravam e o capitao Furillo, da Balada de Hill Street respondeu " procuramos naco, filé"
Encolhi os ombros e fui para a sala, onde descrevi áquele tenente da mesma serie, de oculos amarelos à Pinto da costa dos 80s, com ar de pedofilo e que andava com uma puta vietnamita, o que se tinha passado com os blacks.
Quando disse que eles me tinha vindo pedir droga, ele repetiu "Droga?", e a imagem parou num close á cara dele, com um olhar encenadamente inteligente congelado por detrás daqueles óculos.
ACORDEI!!!
Moral da história: nunca mais encher o bandulho e deitar-me logo a seguir, ou MY KINGDOM FOR A LORENIN!!!
28-11 Ciudad de Mexico- León
Acordei tarde, e já nao consegui cumprir o meu plano de ir a Teohituácan antes de seguir para Leon.
Que se lixe, ontem já tive a minha dose de pirámides.
Ainda dei uma volta pela Megalópolis, mas estava podre e fui-me deitar a ver o Lyon Barcelona em diferido.
Á uma da tarde, deixo a cidade do México rumo ao Terminal de Camionetas, enfrentando um transito infernal causado por uma manifestaçao de "encuerados", ou seja, uns 2.000machos em pelota, só com uma foto do governador do DF a tapar-lhes as miudezas.
Se fossem babes, seria um tumulto...
Á entrada do autocarro para Leon, toda a gente é revistada, malas e corpo, mas é um pro-forma, eles nem olham. Já todos sentados, entra um polícia e filma toda a gente com uma Handycam.
Nunca estive num sítio tao policiado. Na Plaza Zocalo, centro da urbe, estao no minimo 5 policias em cada esquina, fora os carros patrulha, policia militar, policia auxiliar, etc...
Viajo ao som dos Battles. ADORO! Faz-me lembrar um pouco Tortoise. Atlas é, para mim, a musica do ano (claro que a Godiva vai dizer que é o laga laga laga, ou o leca leca leca leca ou algo do género) Mas o resto também é excelente, sobretudo o EP.
Depois Interpol, que é, para mim um caso único, uma banda que nao gosto particularmente, nem que me pagassem veria outro concerto deles, mas que é das coisas que mais ouço. Wierd!!!
Chego a León antes do previsto, por isso tive que esperar uma meia hora até que chegasse a Marcela. É muito simpática e divertida, passámos uma noite muito agradável.
Fomos a um japonês com uns toques de Mexicano, estranho, mas, como sempre, muito saboroso.
Depois fomos a um bar fabuloso, com seis salas diferentes, cada uma com a sua mobilia e decoraçao, sendo que todas as peças que as compunham estavam á venda. Bebemos um tinto tempranillo chileno (asqueroso) ao som de Depeche Mode.
Estou a ler um livro de um senhor,RYSZARD KAPUCINSKI, recentemente falecido, que foi aquilo que eu gostaria de ser se alguma vez fosse grande,
Nascido na Polónia em 1932, passou a infância e o inicio da adolescencia na II Guerra mundial, foi educado sob o jugo estalinista, formou-se em história, iniciou-se no jornalismo e foi correspondente na Asia, Medio Oriente, África e América latina.
Presenciou 27 revoluçoes, viveu 12 frentes de guerra e foi condenado 4 vezes á morte por fuzilamento (ok, esta parte eu dispensava)
E é um homem com uma capacidade de análise notável, e que absorveu de forma positiva o sentimento fraternal que fundamenta o verdadeiro socialismo, o utópico.
O livro, "Andanças com Heródoto" , foi o ultimo que escreveu antes de morrer, e é espantoso como um homem com a sua experiência se preocupa, ao invés de dar respostas, em formular perguntas.
29-11 Guanajuato

Cidade muito linda, world heritage pela UNESCO, capital do Estado com o mesmo nome, encontra-se no centro geográfico do país.
Casas de todas as cores implantadas na encosta de uma montanha. Um pouco turística, é certo, mas com uma atmosfera muito viva e agradável.
Gosto bastante da minha companhia, divertimo-nos imenso. Fomos ao Museu das Múmias que, conforme a tradicao desta terra, está cheio de cadáveres embalsemados de homens, mulheres, crianças, bébes e até de uma mulher gravida e respectivo feto. Asqueroso mas interessante.
Depois fomos á casa do Diego Rivera, aquele que comeu a Khalo até fazer Frida. Ele era feio, gordo e nao pintava nada de jeito, excepto os murais.
Ao fim da tarde, sentámo-nos numa esplanada de uma Plaza muito linda a beber um tinto, a comer uns nachos e a rezar para que o coirao do trompete mariachi nao viesse massacrar-nos os tímpanos.
Apesar de eu e a Marcela nos darmos bastante bem, nao parece haver "aquela" faísca.
Ando com bastante má sorte neste campo, tenho a vida sentimental do Corcunda de Notre Dame.
Sou tudo menos superficial, e só gosto das coisas simples, reais e intensas. E fui amaldicoado com um coraçao que nao me cabe no peito.
Estou a considerar seriamente estirpá-lo e lancá-lo no mar.
E já agora vou também ao veterinário " to get fixed"!
30-11 Dolores Hidalgo- San Miguel de Allende


Mais um dia bem passado!!!
Dolores Hidalgo foi o pueblo onde Miguel Hidalgo proclamou a independència dos Estados Unidos Mexicanos. Ainda estou para saber who the fuck was Dolores, mas enfim...De resto, náo passa disso mesmo, de um Pueblo.
S. Miguel é uma cidade do estilo colonial, onde se instalaram muitos gringos e Europeus reformados. É bonita, mas vale sobretudo pelos fantásticos bares e restaurantes que tem.
Comemos num chamado nirvana, e faz jus ao nome, é muito bem decorado e tem uma comida...
Salada de queijo de cabra com vinagre balsamico.
Um crepe de queijo da mesma rameira enrolado em salmao que era assim:
uma garfada aaaaahhhhh
outra garfada ooooohhhh
e mais outra uuuuhhhhhh
e mais uns canelones com molho de amoras.
Eu regado com um daiquiri de limao e a Moça com a bebida mais nojenta da história da humanidade, cerveja com tabasco, chili e mais molhos. E ela disse-me que é costume beberem aquilo com camarao, ameijoa e mexilhoes triturados... GROSS!!!!
Depois fomos emborcar uns mojitos para um bar num terraço, comer cacahuates até me sairem pelos olhos e rir bastante.
<1-12 Morellia
2-12 Patzcuáro- Isla Janitzio
Mais dois dias passados com a moça que, de tanto me fazer rir, me deixou com os abdominais aos quadradinhos tipo Peter André.
Morellia, capital do Estado de Michouacán, é uma cidade absolutamente incrível, em que quase todos os edifícios de pedra sao verdadeiros monumentos e com um ambiente muito relaxado.




Ficámos num hotel lindo, em camas separadas, how old school is that???
Patzcuáro é um pueblo de casas baixas, brancas, um pouco ao estilo do Alentejo dos nossos coraçoes. Fervihante de comércio e habitada por sorrisos. Estes chicanos son muy amables, e isso é tao bom! O que mais odeio neste mundo é a hipocrisia e a antipatia. Por isso estou tao cansado da Europa...
Isla Janitzio é um morro minusculo que emerge das águas de um Lago enorme com montanhas a 360º, em cujas encostas se encavalitam autenticamente lojas de Souvenirs e restaurantes e que tem no topo uma estatua colossal de homenagem a um dos fundadores do Mexico, Morellos.
A viagem de lancha até á ilha é fantástica, montanhas em todo o horizonte e ilheus que, inopinadamente, emergem das águas barrentas.










Eu gosto das cidades, mas basta um toque de Natureza para eu ganhar novos sentidos e, parece-me, novos orgaos.
3-12- Alone!!!!
León- Mexico DF- Oaxaca
Autocarro para o México, onde vou apanhar o aviao para Oaxaca.
Sento-me, ponho um fone no Ventriculo e outro na Aorta, ligaçao directa, portanto, ideal para ouvir o Desintegration dos The Cure e viajar duplamente.
Tudo estaria bem, nao fora a gorda de 150 Kgs e a cheirar a um misto de sonasol, sandes de torresmos e coiffeur Paulo Viado após uma noite de Drum no tuatara que acaba de sentar-se ao meu lado
buáááá!!!
A empresa de camionetas gentilmente cede um farnelzinho, composto por umas bolachitas, um sumo e um croissant misto. Claro que dentro do croissant, havia uma malagueta que ia acabando com a minha raça...
Durante a viagem passo por um cartaz que anuncia o curso de Mestrado em cuido de vegetais e hortaliças. Deve ser ministrado pelo Ti Jaquim e pela Tia Anica de Loulé!
Já na Ciudad de México, passo pela Escola Secundária Luis de Camoens, assim escrito.
Para embarcar no voo para Oaxaca, entro na manga, que está repleta de bancos, a manga arranca, anda por 5 minutos e acopla directamente no aviao. Esta nunca tinha visto.
Já em Oaxaca, fico no Hotel de las Mariposas, que basicamente é uma pátio interior muito sossegado. O quarto nao é nada de especial, mas o ideal para uma noite de leitura. Vou começar "Uma Morte Feliz", de Albert Camus, quem, com o seu livro "O Estrangeiro", muito bem resumido na musica dos The Cure, Killing an Arab, lançou uma das bases da minha filosofia.
Standing on the beach
With a gun in my hand
Staring at the sea
Staring at the sand
Staring down the barrel
At the arab on the ground
I can see his open mouth
But I hear no sound
I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab
I can turn
And walk away
Or I can fire the gun
Staring at the sky
Staring at the sun
Whichever I chose
It amounts to the same
Absolutely nothing
I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab
I feel the steel butt jump
Smooth in my hand
Staring at the sea
Staring at the sand
Staring at myself
Reflected in the eyes
Of the dead man on the beach
The dead man on the beach
I'm alive
I'm dead
I'm the stranger
Killing an arab
Existencialismo puro!!!
Voltando a Oaxaca, a cidade é lindíssima situada num vale que se espraia por entre um mar de montanhas verdejantes de crescente tamanho.


Como todas as cidades em que estive até agora, tem uma praça central, popularmente conhecida por Zócalo (a base), rodeada por edifícios de arcadas cheios de esplanadas, com um coreto ao centro, circundado por um autentico espaço publico, repleto de bancos e com arvores cuja copa oculta o céu.
Sento-me num dos cafés a beber um Brandy Torres 10 com cola, herança da minha amiga Marcela e a comer umas quesadillas muy ricas!
4-12- Oaxaca- Monte Alban
Começo o dia visitando a Igreja de S. Domingo, em Oaxaca, uma das mais bonitas que vi até hoje, toda, mas mesmo toda, em talha dourada, preservada como se tivesse sido feita ontem.




Depois, caminho pela cidade e decido comprar um bilhete de aviao para as Bahias de Huatulco, onde pela primeira vez vou avistar o Oceano Pacífico, e onde espero banhar o meu corpo de Adónis mirrado, na esperança de encontrar algum tubarao avido de me fazer uma pedicure.
Vou num Cessna de 13 lugares (tinham que ser 13, nao podiam ser 12 ou 14)da Aero Tucan, por isso estejam atentos ao Telejornal. (é a brincar, Mae)
Depois tomo um brunch composto pela seguinte mistura explosiva, autêntico clister gastronómico:
- ovos estrelados
- pasta de feijao
- sumo de laranja
- café com canela
Sinto-me uma arma química ambulante!
Os Mexicanos sao obcecados com a limpeza. As cidades sao imaculadas e se ficar mais de 15 minutos num café, logo chega o empregado a varrer-me os pés.
Vou para Monte Albán, sítio arqueológico, antiga capital dos zapotécas, que nao eram mais que Aztecas de sapatos (que estupidez!!!)
Reparo que a instituiçao federal de preservaçao do patrimonio mexicano se chama CONACULTA! Abstenho-me de fazer qualquer tipo de piada a respeito, deixando-o à vossa imaginaçao.
Monte Albán no topo de uma das montanhas que circundam Oaxaca, com multiplas piramides em excelente estado e dispostas geometricamente da maneira que os senhores lá sabiam, do Sol e da Lua e do equinócio e do solstício e do orgao sexual masculino que o copule.
E uma visao 360º deslumbrante sobre o vale de Oaxaca e as montanhas versicolores.










Nao fora a turistada, iremediavelmente de meia branca e acarneirada em tours, e o silêncio seria absoluto. Caminhei bastante, encontrei um sitio mais isolado e prostrei-me á sombra de uma árvore.
Depois, descobri um trilho na montanha, meti hilight tribe, "Love, Medicine and Natural Trance", nos ouvidos e, inebriado pelo cheiro dos pinheiros, regressei a Oaxaca dançando.


Foi um DAQUELES momentos!!!
5-12 Oaxaca- Bahías de Huatulco
Ontem, quando fui para o quarto, uma cena hilariante.
Um coelho, preto e gordo, que presumo ser a mascote do hotel, aproximou-se de mim á entrada do quarto e começou a dar voltas sobre mim. A princípio achei piada, mas depois de bater com o pé no chao e ele continuar na mesma, comecei a ficar preocupado.
Será que os coelhos mordem? Nao sabia! Mas lá estava eu, especado á porta do quarto com o bicho a circundar-me.
Sem lhe querer dar uma biqueirada, abri a porta e, num saltinho abichanado, esgueirei-me para dentro e fechei, porque se ele entrasse era o diabo para tirá-lo, e eu nao durmo com roedores á solta na mesma habitaçao, nunca se sabe o que eles podem querer roer.
Depois, abri uma fresta e lá estava ele, a olhar para mim com cara de parvo!!
Hoje acordei a entoar pais-nossos, avés marias e cantos gregorianos. MEDO DO CESSNA!!!
Afinal foi tudo muito suave, muito mais do que os avioes grandes.





O Cessna eleva-se sobre as montanhas de Oaxaca e eu escolho o segundo album de Sigur Ros como banda sonora.





Que bem escolhido! Obrigado, maninha linda, por o teres no teu MP3 no meio daquela metalada toda.
As lágrimas começam a escorrer-me pela face sem que eu as possa evitar. Que vergonha, o que é que os business man que viajam comigo vao pensar... espera aí, é verdade... estou-me pouco lixando!
Tento estancar o lagrimal que sai por debaixo dos óculos escuros que, mais uma vez, roubei ao meu irmao (és tao tóto), mas o cenário e a banda sonora sao demais para mim, nao aguento!
Sou muito susceptível à beleza extrema, causa-me uma descarga emocional que me atropela e me deixa prostrado. E é indescritível o que senti ao voar rasante sobre aquele mar de montanhas.



Depois das montanhas, planície de selva cerrada e o grande pacífico no horizonte.
Aterragem perfeita! Os melhores 100€ que já gastei!

Quanto aos vizinhos da Bjork e do Gudjhonsen, Sigur Ros, vi-os 2 vezes.
A primeira no SONAR 2000, em Barcelona. Nao conhecia, começaram com aquela seca do uiiiuiii, fui buscar uma bebida, bebi-a toda e eles continuavam uiiiuiiii. Depois arrancaram um concerto que me deixou de queixo caído.
Depois disso ainda vi Sonic Youth a tocar peças de John Cage (muito pop, como podem imaginar), Aphex Twin a mastigar-me a massa encefálica e, finalmente, Amon Tobim, que vi sentado junto á pista de carrinhos de choque, que, estranhamente, montaram na parte exterior do evento
Unforgettable, portanto.
A segunda vez foi no Coliseu, quando alugámos aquele camarote. No final, fiquei com as maos inchadas de tanto os aplaudir.
No entanto, é raríssimo ouvi-los. Ainda bem que o fiz hoje!
Chego ao Hotel, que é bom (outra cama threesome para um homem tao delgado, que desperdício), pouso as coisas e praia comigo.
Apanho uma lancha que me leva pelas baías rochosas, com línguas de areia que contrastam com a selva que, das enseadas, pende sobre o mar.





A água é límpida, e vai paulatinamente ganhando a cor dos recifes, sendo verde clara junto á areia ganhando com a profundidade uma tonalidade azul intensa que cintila sob os raios solares (tudo isto, claro, visto pelos olhos de um daltónico de média gravidade)


Chego á Playa de la Entrega, muito linda, como que escavada nas rochas cobertas de vegetaçao.
a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsNtx-OsdWs4-KkY6IM-k5urzKK2XOzj0GdSM1U3Bcj9dWwEzO4SkQzesLJg68znJUByqusITK05Y7V-C8MDvcMjQyciXfvJklMtSj4F5mYeog1o_eR5bh4ZUVyhSSxeFaU6XK/s1600-h/entrega.jpg">




Alugo um equipamento de Snorkeling. Será que a minha guelra de jaquinzinho vai aguentar?
Antes deito-me numa espreguiçadeira a ler o Camus.
Chega uma horde de bimbos mexicanos para perturbar a minha paz. Nao faz mal, ponho Ticon nos ouvidos e faço a minha própria produçao.
Hoje é o dia da escandinávia nos meus tímpanos. Estes suecos estiveram no passado dia 30 no caldeirao de Alvalade (Tuatara). Vi-os no Freedom e fui á estratosfera!
É que ouvir um bom progressive enquanto observo um cla inteiro de mexicanos de diferentes idades, generos e, sobretudo pesos alinhados perante mim de óculos, barbatanas e respìradouro tem o seu que de psicadélico, asseguro-vos. O patriarca, bem á minha frente, tem uma barriga que pende quase á altura dos joelhos e tem um mapa mundi de estrias nas laterais da sua pança orangotangica.

De todos os sítios onde já estive, os chicanos sao, sem duvida, os mais feios!
Depois do "Zero Six After", animo-me e lá vou visitar o mundo subaquatico. Agua limpida como o ar, a 22/23º, com aquela salinidade que entorpece os lábios. Embrenhei-me pelos recifes de coral, com dezenas de espécies de peixes de todas as cores.
Depois nadei até uma praia deserta, como que cuspida pela selva circundante e deitei-me na areia grossa, aquela que eu adorava nos meus tempos de pé-de-atleta (lembras-te, Luigi, das nossas coceiras orgásticas na Praia do Meco?)
Volto á espreguiçadeira, e para fazer jus á tatuagem, ouço o "In the Flat Field" dos The Greatest of All Time, Bauhaus.
Isto enquanto me continuo a deliciar a ver familias, as mulheres vestidas normalmente de barbatana e oculo a ter aulas de snorkeling.



Aqui nao há nenhuma mulher de bikini, todas de t shirt, algumas de camisa e outras ate de saias dentro de água.
Ainda bem, porque os tacos, enchilladas y quesadillas sao bem visiveis nestes corpos.
Por fim, e já com o sol opuscular, e para terminar a saga escandinasva, "vespertine" da Bjork.
E assim passei o primeiro dia decente de praia que tive em 2007!!
O ar nocturno aqui em La Crucecita, por estar encravada entre as montanhas, a selva e o Pacífico, pesa toneladas, cada golfada parece que alimenta.
Ainda assim tenho fome! Encontro um japonês. Que chatice!!!
para abrir, vem logo um jarrinho de sakê
Depois sopa Misogushi( ou que raio é) cheia de pedaçoes de camarao e polvo.
Depois salada de caranguejo e peixe
E uns rolos panados com abacate, camarao, caranguejo, filadelfia, etc...
Como diz o meu amigo Jan, japonês é comida-orgasmo!
Tenho comido como um sultao estas férias, chiça...
6-12 Bahías de Huatulco- Zapolìte
Adormeço a ver o Twelve Monkeys e continuo o filme no meu sonho. Pelo menos ainda tenho mais cabelo do que o Bruce Wilis. Mais uma vez fui dormir de pança cheia e deu nisto.
De manha, fui á Praia de Tangalunda, baía muito linda, mais ampla que a playa de la entrega e com mar mais aberto, por isso, com alguma ondulaçao, como eu gosto. Só a estraga o resort e o campo de golf que resolveram implantar junto ao areal.




Mas, ainda assim, só estao umas vinte pessoas em toda a praia!
Está um sol esplêndido, altivo sobre o mar de milhares de estrelas de prata.


Entretenho-me a observar um american dad, todo tatuado e com pinta de Hells Angel, a brincar com o filho de 9 ou 10 anos nas ondas, cheio de carinho. Que bom que os machos da nossa geraçao já sabem lidar com os filhos. Resta saber agora que espécie de homens sairao eles...
Depois, almoço, deixo o hotel e ponho-me a caminho de Zipolite.
E eis que, ao décimo dia, chego ao Paraíso!
Uma praia fabulosa, extensa e de mar aberto na parte leste e protegida por penedos na parte ocidental. um mar bravo a 10 metros da costa, mas que cria uma piscina junto
á areia.






Fico hospedado na pousada las casitas, que é composta por 7 casas dos estrumfes, tipo palafita, todas feitas em madeira, bambu, e outros materiais organicos e forrada de folhas de palmeira. A 200 metros da praia.Pago 12 € noite. O meu quarto tem uma rede e uma cama suspensa do tecto por cordas e coberta por um mosquiteiro .




Bom, acho que os meus planos vao mudar ligeiramente...
Vou para a praia e sento-me na esplanada. Provo pela primeira vez a cerveja Sol. My god, que boa, especialmente acompanhando um guacamole. E o chill out que está a passar também nao destoa nada...
Vou caminhar pela praia e passo pelo homem que vende cocos. Pergunta-me se quero um. Eu escuso-me e ele diz:
- Tengo Marihuana, opio, heroína, cocaína, mescalina, LSD, payote y hashish.
- No quiero nada- disse-lhe- de verdad que tienes todo eso en eses cocos?
O sacana riu-se e replicou:
- Por lo menos comprame solo un coquito...
O Sol vai desaparecendo e vou até ao quarto. Deito-me na rede a ouvir a orquestra polifónica, arauto opuscular da Natureza, notas que se imiscuem no ribombar das ondas, enquanto vejo, pela janela de bambu e palma, aberta com recurso a uma vara, as estrelas colorirem o céu sem lua, uma, dez, cem, mil, milhoes, as constelaçoes que nao conheço mas intuo.
Depois, banho de água fria (nao há bela sem senao) e volto á esplanada na areia onde estive á tarde.
Estrelas, o Mar que se ouve, mas quase nao se vê, só linhas brancas cadenciadas de espuma.
Sobre a mesa, uma vela, o moleskine e um mojito, e no ar um Hip Hop delicioso, do género Herbalizer ou A Tribe Called Quest.
Os rochedos circundantes iluminados por tochas, bem como as casinhas dos estrumfes mais junto á praia
Ai Ai...
Comó é que eu vou sair daqui?
Já esqueci Mérida e Campeche. Daqui só saio na segunda para ir para Chiapas, e de lá, vou sexta ou sábado de novo para a Ciudad do Mexico, em princípio passar o fim de semana com a minha amiga Azteca.
Domingo á noite, vôo para o frio do "velho continente".
Para além de mim na esplanada estao só um casal de "filhas de Safo" (quem nao sabe o que é, que investigue) trocando carícias subrreptícias.
Entendo-as, se fosse femea, seguro que também era natural dessa ilha...
7-12 Zipolite- Las Ventanillas- Mazunte- San Agustinillo- Zipolite
Ontem á noite jantei no hotel, um filete de atum ao vinho branco divino. Começo a duvidar onde se come melhor, aqui ou no Brasil.
E uma sobremesa cujo nome provém do grito desesperado de uma freira anâ submetida á pujança do John Holmes, Tiramísu! (ás vezes penso de onde desenterro tanta estupidez desta cabeça...)
Descubro na biblioteca daqui um livro do Jack Kerouac que nao conhecia, "Satori in Paris". Vou mixá-lo com o Camus.
Satori é uma expressao japonesa que Kerouac traduz por "Kick in the eye", e que significa despertar súbito.
Curiosamente, "Satori" e "Kick in the eye" sao o nome de duas musicas de Bauhaus.
Já tive alguns Satoris na minha vida, uns bons, outros maus, uns óbvios, outros enviesados. Mas se nao fossem eles, decerto nao seria o Homem que sou.
Citando Dostoievski, por intermédio do Prof. Costa e Silva, " O Homem habitua-se a tudo" (menos ás derrotas do Benfica, esqueceu-se o russo de acrescentar)
Sao os satoris que nos sacodem da letargia e nos levam a dar mais um passo.
Citaçao de Kerouac, referindo-se a uma prostituta, ou melhor, segundo o próprio, a uma mulher com quem foi para a cama e a quem deu 120$ para a educaçao do filho:
" She also wants to marry me, naturally, as I am a great natural bed mate and a nice guy"
Curioso, eu penso o mesmo de mim próprio! Eh eh!
Uma cama suspensa do tecto por cordas é um excelente simulador daquelas bezanas maléficas, nomeadamente da fase que medeia entre o esforço hercúleo para nao vomitar no táxi e o baixo relevo renascentista "Maria Madalena ante a sanita"
Fiz duas tentativas e, rendido, pus o colchao no chao( Venha a mim a mosquitada), na esperança que isto da cama suspensa nao seja uma medida de prevençao anti-lacrau.
A propósito de nada, que hoje estou bastante disperso... Há uma história que me fascina, que nao sei ao certo onde a li, talvez no "Imortalidade" do Kundera, esse grande livro que tanto me ensinou, e que eu nunca vou esquecer onde, quando, como e quem me o ofereceu.
Algures no Séc. XVIII ou XIX, um homem, penso que um músico, de origens humildes, é convidado para um banquete na corte. Ele senta-se e é acometido por uma vontade terrível de mijar.
Ora, como o homem nao faz a mínima ideiade como se escusar para ir á toillete, e como os acepipes e salamaleques sao infindáveis, ele vai aguentando até que a bexiga explode e ele morre, ali mesmo naquela mesa.
Passando ao meu dia, depois de uma noite a matar mosquitos, tomo o pequeno almoço e aproveito a boleia do Bruno, Genovês 5 estrelas que é o dono da pousada, até La ventanilla, praia limitada a Leste por uma enseada e uma Rocha furada (daí o nome) sendo a ocidente praia deserta e de mar aberto a perder de vista.



Vou com o Carlos, um puto muito fixe e conhecedor num barco a remos por um mangue com água vermelho mercúrio( foi ele que disse)que origina um espelho de água magnífico. O mangue está repleto de crocodilos, que vejo tanto nas margens, de boca aberta para absorver o calor do sol, bem como a cruzar as aguas. Vejo também iguanas verdes e uma infinitude de aves, abutres, garças das mais diversas espécies, Ibis, Cegonhas Mexicanas (de sombrero e de bigode), etc...








Passei uma hora muito fixe com o rapaz, que veio da Cidade do México como voluntário e vive das poucas gorjas que recebe e dos peixes que pesca.
Perguntei-lhe se queria regressar á capital e respondeu-me que nao, que ali tinha tudo o que precisava. É apaixonado pela Natureza, tem a instruçao primária mas sabe mais que muitos biólogos.
Depois, vou para a praia de Mazunte. No trilho que a ela conduz, sou mais ou menos perseguido por um galo enorme, o que faz com que eu comprima os musculos do traseiro e encolha os dedinhos dos pés.
Nao gosto muito destes bichos, porque uma das minhas primeiras recordaçoes de infância é estar a andar pelo terreno da minha casa de Almancil quando um galinho-da-indía, pequeno e empertigado como o meu irmao Didi, voa para cima de mim, crava as patas no meu queixo e, batendo as asas, dá bicadas repetidas na minha testa.
Chego a Mazunte, que é uma baía larga com rochedos que emergem do Mar.



Parece-me o cenário ideal para uns camaroes com molho de alho e uma Sol. Ay caramba!!!
Depois, San Agustinillo, praia soberba, com quatro baías formadas por rochedos que avançam sobre o mar, travando a ondulaçao e criando piscinas.A temperatura da água é perfeita.








Depois do banho, deito-me de braços abertos na areia sob o sol escaldante, a ouvir os gritos do Plant, a guitarra do Page, o baixo do Jones e a bateria do Bonham, bem alto no seu dirígivel de chumbo.
E sem protector solar!!!
ROCK N ROLL!!!!!
8-11 Zipolite
Passar tantos dias sozinho, a sorrir para desconhecidos, provoca uma nostalgia inominada.
Por um lado, sinto que podia passar toda a vida assim, só a ver e a centrifugar o que vejo. Sao momentos que só vivo por nao haver ruído.
Sou contemplativo por natureza, ainda que antes racional do que espiritual.
Mas tenho uma pulsao visceral de dar, e, por algum motivo que a soberba que me sustém qualifica como azar, faltam receptores. Nada se proporciona, há sempre óbices.
Eu rio-me disso, enquanto me aproximo da resignaçao.
Já nao sou um idealista. Mas tenho um olhar que inflama! Só precisa de outros olhos!
Hoje acordei ás 5 da matina e fiquei um pouco na cama a ver, pela janela, as estrelas desaparecer e a ouvir os galos e os fanhosos a levar no rabo (AKA burros a zurrar)
Depois fui para a praia, sentei-me numa rocha avançada sobre a água e cantei várias vezes o "Northern Star" de Hole, enquanto o mar paria uma grande bola alaranjada.
Hole - Northern Star Lyrics
And I cry and no one can hear
Inhale the blinded eyes that see
The chaos bring the pitiful to me
Even though I'm wide awake
I will in blackest night
And I wait for you
It's cold in here, there's no one left
And I wait for you
And nothing stops it happening
And I knew I'd cherish all my misery alone
And I wait staring at the northern star
I'm afraid it won't lead me anywhere
He's so cold he will ruin the world tonight
All the angels kneel into the northern lights
Kneel into the frozen lights
And they paid, I cry and cry for you
Ghosts that haunt you with their sorrow
I cried 'cause you were doomed
Praying to the wound that swallows all that's cold and cruel
Can you see the trees, charity and gratitude?
They run to the pines
It's black in here, blot out the sun and run to the pines
Our misery runs wild and free
And I knew the fire and the ashes of his grace
And I wait staring at the northern star
I'm afraid it won't lead you very far
He's so cold he will win the world tonight
All the angels kneel into the frozen lights
Feel their hearts, they're cold and white
And I want you
And blessed are the broken
And I beg you
No loneliness, no misery is worth you
Oh, tear his heart out
Cold as ice, it's mine
And I wait praying to the northern star
I'm afraid it won't lead you anywhere
He's so cold raining on the world tonight
All the angels kneeling to the northern lights
And I pray begging to the northern star
I'm afraid it won't lead you anywhere
He's so cold he will rule the world tonight
All the angels kneeling to the northern lights
Kneeling to the frozen lights
Feel their hearts, they're cold as ice















Depois caminho de uma ponta á outra da praia, sequioso do Astro que se escondeu detrás do penhasco, e quando ele chega deito-me na areia, dando-lhe o flanco, e procuro que o "desintegration" compasse as ondas desordenadas.



Já disse ao Bruno da pousada que o vou processar a ele, ao município de Zipolite e ao Big Bang por me terem feito mudar dramaticamente os meus planos.
Tive que tomar uma atitude e comprei o bilhete para Chiapas para Terça á noite. Depois sexta vôo para a capital, para passar o último fim-de-semana.
O resto do dia foi integralmente dedicado ao bronze e a banhar-me cada 20 minutos, nesta água cor de cidra, transparente e espumosa.
Já estou mais preto que o Eusébio e aproximo-me vertiginosamente do Matateu.
Como uma salada grega e bebo dois mojitos e no bar poe o primeiro de Portishead, logo seguido do Roseland NYC.
Isso nao se faz sem avisar!!!
Deito-me na espreguiçadeira em levitaçao.
No sublime concerto do Sudoeste, estava na 1ª fila, e, quando a senhora veio para o fosso eu abracei-a com todo o coraçao.
E quando, no mysterons, logo a abrir, ela lançou o primeiro All for nothing, a arrepiante resposta, Did you really want, deve ter causado um sismo na Indonésia.
Lembram-se, meus velhotes?
Foi há 10 anos!
(acho)
9-12 Zipolite
Esta terra tem um grande defeito, que actualmente se extende a todo o planeta, de Madagascar ao Pólo Sul, de Samoa á Brandoa:
ESTÁ INFESTADA DE ITALIANOS, essa raça de gente que fala como o Croquete e o Batatinha.
Italianos no paraíso é dose!
Morte!
A alma eleva-se e funde-se com a luz branca.
A paz é suprema!
Eis se nao quando se ouve:
Echo! Vine qui! Ma che cosa fai? Mamma Mia! Porca Miseria!
Unatratééé toni boni doni tééé´
SHIT! Vim para o Inferno!!!
Acabei de ler o Camus. Gostei, mas nao demasiado. É um escritor maior, sem dúvida, mas fiquei exausto de tantas metáforas, imagino ele que as teve que inventar.
Demasiadas metáforas soa-me a pedantismo!
Entendo porque ele nunca quis publicar este livro. Infelizmente, por se ter estampado de automóvel, a sua vontade passou a ser capricho e um português leu-a no México.
O camelo que o quis publicar justifica-se, dizendo que quando se admira um escritor, deseja-se conhecer tudo a seu respeito.
Espero ansiosamente pela capa de Educaçao visual, a sebenta de matemática e a caderneta do Bana e Flapi do Camus!
O que vale é que tenho o bebâdo do Kerouac, que escreve um livro inteiro sem usar uma única metáfora. Discurso directo e já está!
Por isso, escreveu o "On the Road" numm único e gigante rolo de papel.
E lê-lo no original, em Inglês, dá-lhe outra dimensao.
Pareço um louco ou um anormal a rir ás gargalhadas enquanto o leio.
Ontem, depois do jantar, arrastei a minha apatia até á esplanada da praia, pela simples razao que se me deito ás 10 da noite, acordo ás 5 e sofro de inaniçao até ás 8:30, que é a hora que a vida começa aqui.
Estar aqui é basicamente beber uma Piña Colada no planetário, com uma musiquinha boa...
Hoje, fui fazer uma Snorkeling Tour. Nadei com golfinhos e com tartarugas e fartei-me de dar á barbatana.





Depois, voltei á minha praia, onde tres pitosas mexicanas se sentaram na minha mesa a melgar-me a pinha. Claro que ao fim de 10 minutos já nao havia tema de conversa, por isso escavei um tunel na areia directo para o meu quarto de Hotel.
E mais assunto nao há...
10-12 Zipolite
ANÚNCIO
Homem bem parecido, simpático, inteligente, sensível, independente, compreensivo, fogoso e modesto procura menina/senhora com as mesmas características e que lhe faça panquecas para o pequeno-almoço!
Esta noite, um mosquito mordeu-me no lábio, e deixou-me com boquinha de Elvis maroto.
As Babes gritam histéricas á minha passagem!
Ontem, as pitas mexicanas perguntaram-me se eu nao me aborrecia por estar sozinho.
A verdade é que, em 90% do tempo, nao.
Até porque sou capaz de estar, como estive, uma hora a observar a luta pela sobrevivência de um peixe gordo e espinhudo, que tentava passar a ondulaçao que, invariavelmente, o transportava de volta para a areia. Até que a baixa-mar lhe ditou a sentença e ele foi para o céu dos peixes gordos e espinhudos.
Acabei o Kerouac e comecei a ler o "Crime e Castigo" do Dostoievski, também em inglês, que roubei da biblioteca da pousada de Oaxaca. Já me tinha esquecido de como ele consegue criar uma densidade narrativa e dá uma vida aos personagens que me deixa totalmente absorto e enterrado nas páginas.
De tal modo que até pensei duas vezes antes de assistir ao salvamento perpetrado por dois Mitch Buchanons mexicanos a um gajo que se estava a afogar.
Lá se safou, o cidadao. A sorte dele foi nao ser um peixe gordo e espinhudo...
E, na página 25, lá estava a frase, usada antes por mim e pelo meu Pai vivo:
" Man grows used to everything "
Curiosamente, é a única frase que o dono do livro sublinhou em todas as 492 páginas.
Depois, sob o sol impiedoso das 13h, e como sou um muchacho dotado de enorme bom senso, resolvi caminhar pelos montes, único modo de chegar á praia que fica entre Zipolíte e San Agustinillo, que é só das melhores praias em que já estive, linda, maravilhosa!




Para além de mim, só dois bandos de abutres que devoravam afoitos os cadáveres de duas tartarugas.


Passei a bicharada repugnante, despi-me dos poucos preconceitos que ainda me restam e estive meia- hora a banhar as miudezas (força de expressao) naquele Mar de cidra espumosa e tépida.

Depois, como a fome era negra (ja tinha a boca cheia de moscas), decidi caminhar até San Agustinillo para comer um peixinho, para me dar forças para subir ä enseada para ver o Pôr-do-Sol.
Nao sem antes passar na minha praia privada para, mais uma vez, dar banho ao cágado!
Aborrecer-me, eu???
11-12 Zipolite
Hoje vou ser sumamente breve.
Saí pela manha de lancha com o Bruno e uns 10 amigos italianos (uns mais simpáticos que outros)
Navegámos um pouco e chegamos a uma praia deserta lindíssima, com selva atrás, que só tinha umas cabanitas de sombra e umas redes.
ficámos aí, eu mergulhei umas duas horas, num autêntico aquário, vi mais de cem especies de peixes
Depois, o Bruno chegou com peixoes de 5 ou 6 kilos, grelhámos um, comemos, cervejitas, palheta e voltámos a Zipolite.
Que mais dizer de um dia perfeito?
Agora estou a fazer tempo para a camioneta que me vai elevar 2000 e tal metros em 12 horas até San Cristobal de las casas, em Chiapas.
Até breve, meu paraíso!!!
prezados leitores:
As 12 horas de camioneta e a falta de oxigénio causada pela altitude deixaram-me com o Q.I. do Camacho, a eloquencia do Eusébio e o sentido de humor do Ramalho Eanes.
Basicamente, ando-me a arrastar.
Prometo actualizar no Sábado, porque amanha nao tenho tempo.
até breve.
Entao vamos a isto...
12-11 Zipolite- San Cristobal de las Casas- San Juan Chamula
Conforme tinha dito, as 12 horas de autocarro delapidaram bastante a minha funçao psico-motora!
Ainda assim, arranjei forças para caminhar pela lindíssima cidade de S. Cristobal de las Casas, que parece uma aldeia alentejana crescidota, mas com muita gente abaixo dos setenta anos, com as casas homogeneamente baixas e de todas as cores.Fica num vale a 2000 e tal metros de altitude, e é, ao mesmo tempo, bucólica e cosmopolita.











Cheguei no dia da maior festa religiosa do México, A Virgen de Guadalupe, por isso toda a cidade está em festa, com os indígenas vestidos com os trajes tradicionais e os nao indigenas com a sua melhor roupa, em romaria até à capela da dita imaculada.



Noutra zona, há mercados indígenas, com as senhoras a vender cereais e frutas expostos dentro de sacos de sarrapilheira no chao, e os homens a vender o belo CD e DVD pirata.
Muita vida e um ambiente muito especial, aqui sente-se bem mais a cultura ancestral do que nos outros sítios onde estive antes.
Á tarde fui ao pueblo de San Juan Chamula, a 15 minutos de toyota hiace colectiva de S. Cristobal.
Aqui ainda se sente mais fortemente a cultura indígena,nem sequer sendo permitido tirar fotos, o que para mim acaba por ser um alívio porque sinto um estranho sentimento de culpa por andar de câmara em punho.Coisas minhas!
Todos estao vestidos com os seus trajes tradicionais, mas nao em apelo ao turista, just doin' their own thing.
Na Igreja do Pueblo vive-se uma das mais interessantes mesclas de Culturas a que já assisti.
Na tal Igreja,Católica, bastante modesta, decorada com panos no tecto e com as partes laterais repletas de altares a diversos santos, os Tzotzil, tribo Maya, espalham caruma de pinheiro no chao, prostram-se em cima dela e, em frente ao altar do seu santo de eleicão, entoam canticos aparentemente xamanicos enquanto queimam incenso e bebem Coca-Cola (?!) para purificar alma.
Em suma, misturam a cultura ancestral com a catolica, imposta pela espada do Cortes e compinchas, tudo regado com o mais fino champanhe imperialista.
O meu amigo belga Jan, que e biologo (ou pelo menos era! Agora, e conforme decidimos os dois numa tarde soberba que passámos a rir nos jardins do Reichstag, é especialista em gestao de tempo livre e em filosofia aplicada) e viveu uns meses aqui a estudar a macacada, ja me tinha prevenido para a veneracão que este povo tem para com a Coca-Cola, sendo mesmo os maiores consumidores mundiais per capita.
De tal modo que o antigo presidente, Vicente Fox, que pos termo a 74 anos de governo do Partido Revolucionario Institucional (este nome mata-me), tinha antes sido administrador da Coca-Cola Company.
Depois, regressei a S. Cristobal numa Toyota Hiace apinhada com este portuga e 15 Tzotzil, sendo que um indigena de 1 ano e pico, amarrado ao lombo da Mae por um pano, veio a dormir com a cabecinha docemente piolhosa encostada no meu ombro.
Chegado á cidade, comi uns tacos e fui passear um pouco mais pelas lindas ruas, engalanadas com enfeites para a procissao, com as portas todas abertas e toda a gente fora a ver a romaria, que tinha uma sequencia bastante peculiar:
Passa uma pick-up toda enfeitada e cheia de gente em cima a buzinar. Depois, um grupo de jovens vestidos de igual e com fitas na cabeca, o primeiro segurando uma tocha, correm atrás da carrinha e replicam ao chamado de um deles deem-me un G, una L, un O, una R, una I, un A,
GLORIA GLORIA MARIA MARIA.
Depois de assistir a um pouco deste espectaculo, fiz o que qualquer Homem com H grande faria para relaxar: amarrei o meu cavalo, fui para o quarto, tirei as botas de cowboy, ajeitei o pacote e deitei-me na cama a ver o Glasgow Rangers- Lyon em diferido.
13-12- S. Cristobal- Grutas- Cascata El chiflon- Laguna de Montebello
Este foi, sem duvida, o dia menos bem passado de toda a viagem.
Queria ter ido ao Canon del Sumidero, para atravessar de lancha um rio atraves de um desfiladeiro. Porem, foi-me dito que estava seco, e aconselharam-me um Tour aos Lagos de Montebello.
Esperava por uma van ou um autocarro e apareceu-me um carro, proque so eramos 4 no Tour, eu, duas madrilenhas simpaticas, Maite e Monica, e uma Galega betonca mas que trabalha na ONG Intermon Oxfam na cidade do Mexico e que parecia o Peter Sellers sem bigode e de peruca loira. Ela nao me caiu assim muito bem.
E la fui, no banco da frente, com o motorista que nao abria a boca, uma hora de viagem ate umas grutazecas,

mais uma hora e meia ate umas cascatas lindissimas de agua verde turquesa, onde fizemos um caminho de mais de 2 km sempre a subir que me arrasou. Mas bonito, valeu a pena.









Depois, mais uma seca de duas horas ate aos lagos, que ficam na fronteira com a Guatemala, por uma paisagem de montanhas e pinhal que fica muito aquem da que existe em Portugal ou Espanha, por exemplo.
Enfim chegamos a uns lagos mixurucas, tipo os que deve haver em Mortagua ou Anadia.

Que raiva!!!
4 horas e tal de viagem e de volta a S. Cristobal, todo moido.
Enfim, valeu pela cascata e pela simpatia das chicas de Madrid.
O que eu detesto nos turistas:
- As sandálias tipo desportivas, desde logo. Aquelas com sola de borracha, uma tira no calcanhar e duas no peito do pé branco leitoso;
- Os olhares e sorrisos cumplices quando dois Aliens obvios se cruzam num sitio turistico;
- as gargalhadas ao desafio quando um grupo acidental se junta;
- As perguntas imbecis;
- O medo (mal) disfarcado;
- O interesse exacerbado;
- A iniqua troca de emails
- As garrafas de agua de litro e meio enfiadas na lateral da mochila northern nao-sei-que
- A arrogancia daqueles que, sendo turistas, dizem que detestam turistas
OPS!!!
14-12- S. Cristobal- Cascadas Agua Azul- Cascada Misol-Ha- Palenque
6:30 da manha passou a Van para me transportar até Palenque, piramides Mayas no coraçao da floresta tropical.
Quando raiou o dia, começou uma viagem magnífica, subindo e descendo montanhas, sob, sobre e dentro de um Mar de nuvens.

Após 4 horas nesta montanha russa etérea, azul, verde, branco, cinzento, com o vencedor do troféu Toyota Hiace ao volante,a cortar as curvas a alta velocidade na estrada de montanha com as laterais sem protecçao, chego a uma verdadeira maravilha da Natureza, as Cascatas de Agua Azul.
Em plena selva, que distinguiria mesmo cego só pelos cheiros, várias cascatas caem sobre piscinas de diversas tonalidades, de verde-escuro a azul turquesa (vinha no panfleto, nao me aborreçam).
Simplesmente de cortar a respiraçao!

























por todo o lado há avisos
DANGEROUS NOT TO SWIM!
Ainda assim, resolvo correr o risco e ficar em terra.
Depois a cascata de Misol-Ha, com pouca água mas com um caminho que a atravessa por trás até umas grutas. E a selva, claro, linda!



Finalmente, Palenque! Que maravilha! Magníficas pirâmides embrenhadas na luxuriante selva tropical, árvores lindas, cascatas, enfim...











Depois, enchi os pulmoes (guelras) daquele cheiro que me encanta, e 4:30 de viagem de volta a S. Cristobal, muita emoçao com o Fitipaldi dos duodeco-lugares.
Na viagem, travei amizade com uma chica de Cádiz, antropóloga, que está no Distrito Federal a fazer uma especializaçao.
Ela disse-me que veio a S. Cristobal para uma conferência mais ou menos clandestina, que conta como oradores, entre outros, Naomi Klein (nao é modelo, nem mulher do Calvin, minhas bestas)o nosso Boaventura de Sousa Santos e, o próprio, Sub- Comandante Marcos.
Foi sábado, ás 19 horas, e eu já tinha viagem e hotel marcados e pagos na Cidade do México.
Fiquei tao triste!!!
Seria a cereja em cima do bolo cheio de creme que foi esta viagem.
Já me imaginava a aproximar-me, sorrateiro, do Sub- Comandante e tirar-lhe o passa-montañas ( gorro que só deixa visível os olhos)para descobrir que ele afinal o usa nao para ocultar a identidade, mas sim porque tem um bigodinho ridiculo á Cantiflas e os dentes todos podres!
Ou pior, desvelar que o líder dos Zapatistas é, na verdade, a Shakira!!!
15-12- S. Cristobal- Tuxla Gutierrez. Cidade do México

Deixo Chiapas, este Estado que está no meu imaginário desde meados dos anos 90, quando surgiu "El Movimiento".
Os chiapos, ou chiapenses, ou chiapenhos, sao bastante menos simpáticos do que nos outros sítios onde estive, consequencia, talvez, de muitos anos de opressao.
Os únicos sinais do "movimiento" sao algumas frases pintadas nas paredes, que exortam á Justiça para os "campesinos" e povos indígenas e Grafittis do Ejercito Zapatista de Liberación Nacional.
De resto, a presença militar é forte o suficiente para assegurar que um dos Estados mais ricos do México em recursos naturais, incluíndo petróleo e gás, e que gera mais de metade da energia Hidro-eléctrica consumida pela Federaçao, se mantenha, passivamente, com o rendimento per capita mais pobre. Os indígenas de Chiapas auferem cerca de 1/3 do salário dos seus compatriotas.
Uma coisa é certa! Aqui, nestas montanhas, está a verdadeira pobreza.
Desço as montanhas de autocarro até à capital do Estado, Tuxla Gutierrez, e de lá directo para o Aeroporto.
Já quando o aviao fazia Taxi, uma cena de filme de Jacques Tati:
Quatro "maleteros", depois de carregar a bagagem e equipados a rigor com os seus coletes amarelos flourescentes, a dizer longamente adeuzinho ao aviao...
Pensei, ou sao extremamente simpáticos ou entao uns bombistas zapatistas bastante cínicos.
Com o céu quase sempre limpo, sobrevoo as montanhas de Chiapas até avistar a costa do Golfo do México, de Tabasco (cuja capital, se fosse eu a mandar, se chamaria CISGARRO e nao Villahermosa. Se fosse eu a mandar, o mundo seria um sítio bastante estúpido...) e de Veracruz, até que. perto de Puebla irrompe de uma zona nublosa o imponente cume nevado de um grande vulcao, que ainda nao descobri se é o La Malinche ou outro que nao me lembro o nome. Beautiful!!


Depois, Valle de Mexico e a colossal cidade, cuja maior avenida, Insurgientes, tem 70km de comprimento.
Fico no Hotel Misíon Reforma, num dos melhores quartos em que já estive. Cama King, banheira grande em mármore com chuveiro poderoso e quente, vista sobre o Paseo de la Reforma e a Plaza Colón, filmes e jogos nintendo pay per view (nao havia Pro Evolution), mini bar recheado com bebidas, comidas e , minhas senhoras e meus senhores, tabaco!!!
Depois da cabana semi open air de Zipolite (felizmente, só no ultimo jantar o Bruno me falou dos lacraus e das tarântulas) e do gelo glaciar do quarto de S. Cristobal, estava a precisar de um pouco de bom trato. E por 50€, nada mal.
Resisto á tentaçao de ficar refastelado na cama king e apanho o Bus turistico para dar uma volta de reconhecimento à cidade. 3:30 horas no andar de cima a snifar tubo de escape, com uns headphones a ouvir as explicaçoes. Mas bastante interessante

É uma cidade surpreendente, sem dúvida. Expurgando-a de metade das pessoas e 3/4 dos carros roçaria a perfeiçao.
Chegado ao quarto, fui surpreendido, no zapping, por um documentário sobre a vida de alcool, drogas e orgias do...Nélson Ned!
Para quem nao sabe, Nelsón Ned é um cantor romantico de K7 pirata dos 70 e 80, de origem brasileira, creio, e que eu julgava ser um fenómeno sobretudo português, mas pelos vistos nao, já que tem direito a um documentário em prime time na tv mexicana.
Ora, o bom do Ned tem a particularidade de medir cerca de 90 cm.
quando parei a 1ª vez no documentário, estava o Ned a dizer que teve que fazer uma vasectomia porque os tres filhos que teve com a loura alta e espampanante, sua esposa, tinham saído anoes.
Quando regressei, já se falava das orgias que mantinha regularmente, recorrendo o realizador a torpes reconstituiçoes com um actor anao com uma peruca aos caracóis á Serafim Saudade, rodeado por tres ou mais babes. Surreal!!!!
Para além disso, o Nelson confessa que alternava heroína com cocaína, tendo ficado viciado nas duas.
Nélson, assim nao dá, Ned???
Isso das drogas eu já sabia, porque há uns anos atrás, no saudoso Big Show Sic, vi o pequeno grande cantor, no meio da música, agradecer ao público, porque sem o seu apoio nunca teria conseguido deixar a fruta.
Tudo isto enquanto o Baião, vestido de Centurião romano, abanava a anca...
16-12 Cidade do México- Madrid- Lisboa
O meu último dia no Distrito Federal foi "muy rojo" (rojo é, para mim, a palavra pela qual se aufere a qualidade do acento castelhano. o "ro" deve ser dito com a língua saíndo por trás dos dentes da frente e o "jo" tem que sair das amigdalas.)
De manhã, fui ao Museu Mural Diego de Rivera, construído para albergar um dos seus murais mais famosos, " Sueño de una tarde dominical en la Alameda".

Depois fui a Palacio de Bellas Artes, uma aberração com o interior todo em mármore, mandada erigir pelo ditador Porfírio Diaz, que tinha um fetiche com o reqinte francês do início do Séc. XX.
Mas dentro há vários murais comunas, de Diego Rivera, Rufino Tamayo, Orozco e, aquele que mais gostei, Siqueros, que depois descobri que era um agente Stalinista e que foi o principal autor do primeiro atentado, frustrado, contra a vida do Léon Trotski.
Á tarde, fui ao lindíssimo bairro de Coyoacán, que passou a ser o meu preferido dos que visitei aqui no DF.
Aqui visitei a casa onde Trotski viveu os últimos 15 meses da sua vida de luta, conquista, traição e exílio, e onde foi brutalmente assassinado, a golpe de picareta, por um traidor catalão, a mando do sanguinário Stalin.


Para quem não sabe, Trotski, a par de Lenin e Stalin, foi um dos grandes obreiros da Revolução Bolchevique, tendo sido apontado por Lenin, no seu testamento político como seu sucessor natural. No entanto, Stalin, ávido de poder, e de perverter os ideias revolucionários com o culto da sua personalidade, conseguiu afastá-lo e condená-lo a anos de exílio em várias partes do mundo.
A revolução permanente continua em marcha, León.
As vossas conquistas são os nossos Direitos!
Para mim, a revolução está nos actos do indíviduo, e cada um faz a sua da maneira que entende.
Não somos todos, nem tão pouco a maioria, mas o objectivo mantém-se
HASTA LA VICTORIA, SIEMPRE!!!
Depois, desci duas ruas e fui á célebre Casa Azul, onde viviam Diego e Frida, que por este foi comida até fazer Khalo (variação de piada anterior)


A casa é linda, com uns jardins maravilhosos, e eu confesso que a senhora me sensibiliza bastante, pelo modo como desnuda a alma nas suas pinturas, de um modo tão infantil como pungente.
Se não fosse aquele bigode farfalhudo, casava-me com ela!
Saído dali, desci até à Plaza Hidalgo, centro deste bairro.
Domingo á tarde, tudo se passa ali. Barraquinhas de comida ao lado de uma árvore de natal ao lado de uma banca do Ejercito Zapatista de Liberación Nacional ao lado de um malabarista, ao lado de uns Mariachis, ao lado de uns dançarinos Aztecas, gente gente gente gente!

Volto a dizer, esta cidade é surpreendente.
Depois, sento-me num café a tomar a última refeição. Uma sopa de tortilha soberba e as inevitáveis quesadillas de flor de calabaza.
Por fim, caminho em direcção ao metro atravessando os viveros de coyocan, um parque/jardim botânico cheio, mas mesmo cheio, de esquilos á porrada a lutar pelo território.
E assim, respirando verde e tranquilidade, me despeço de uma das maiores cidades do mundo e deste grande país, com tanta riqueza natural, histórica e humana!
E assim fiz mais uma viagem!
8 camas, 7 aviões, muitos autocarros, táxis, vans, milhares de quilómetros percorridos
E muitas memórias, as que deixei aqui e as só sensoriais, que não consigo, nem quero, traduzir em palavras.
Sempre que me perguntavam porque viajo sozinho, respondia que adoro caminhar, e que assim só caminho na direcção que quero.
Amo caminhar sozinho, e quero fazê-lo por algum tempo, mas um dia, em algum sítio, e com alguém, vou querer ficar
ONE DAY...
ATÉ À PRÓXIMA!!!!!!
0 Comments:
Post a Comment
<< Home