Saturday, October 28, 2006

28-10-2006- Barreirinhas-Vassouras-Mandacaru-Caburé-Barreirinhas

1. Em primeiro lugar, queria deixar bem claro que, até a milhares de quilómetros de distância, O BENFICA METE-ME NOJO! Como é possível, a acreditar pelo que li na ¨ Bola¨, sofrer um golo de um lançamento de linha lateral depois de ter dado a volta ao resultado.

QUE ÓDIO!!!!!!

2. Hoje fui despertado, não por galos, mas pelas inúmeras e frenéticas chamadas telefónicas feitas pelo dono da pousada à porta do meu quarto, a convocar eleitores para seguirem amanhã para Barreirinhas no autocarro que ele fez fretar. A política é mesmo um nojo...

3. Houve aqui um escândalo político, porque a campanha do Alckmin, candidato do PSDB à presidência, produziu como artigo de merchandising umas mãos esquerdas em cartão com 4 dedos, imitando a mão de Lula, que perdeu um dedo na sua profissão de torneiro mecânico.
Sei de fonte segura que, se perder mais um dedo, Lula converter-se-á num polvo.
4. Amanhã eleições. O Calamar já ganhou.
Aqui há votação electrónica, a populaça tem que marcar um número numa maquineta para decidir em quem votar.
Na eleição para o Governo do Maranhão, são candidatos a filha de José Sarney,(ex-presidente brasileiro) Roseanna Sarney, que é o número 25, e um tal de Jackson, que é o 12.
Então, em termos de Marketing político, não há que enganar. A música da Roseanna, que berra estridente por todos os cantos deste Estado, é :
¨ é 25 é 25 é 25 é 25 é 25 é 25 é 25 é 25¨
Já a do Jackson é ¨ 12 12 12 12 12 12 12 12¨
Todo ao som do Forró, claro, que não toca mais nada nesta terra
Enfim, num país de analfabetos, há que apelar aos que, pelo menos, sabem contar.
Não sei se já disse, mas a política é um nojo.

5. Hoje vivi um momento de grande infelicidade. fui fazer um passeio de lancha pelo Rio Preguiça, muito bonito. destino, uma terra chamada Vassouras e outra chamada Caburé. Vassouras, onde um Mar de Dunas Amarelas confronta com o Rio e com um pequeno bosque onde vivem os macaquinhos mais engraçados que eu já vi, parecem pessoas em ponto pequeno, (tipo o meu Irmão Didi), aconteceu a tragédia.

Ao entrar no barco ouvi um ¨splash¨ Olhei, e vi um fiozinho a boiar, pensei que fosse o resto de uma rede de pesca. WRONG! Era a máquina fotográfica da Ana, tinha caido de uma nesga da mochila aberta! Calma, respira. Após 4 horas sem funcionar, quando cheguei à Pousada já consegui ligá-la. agora vou-lhe dar descanso e logo se verá. Senão funcionar, lá me meti em prejuízo.
E lá continuei o passeio, meio em depressão. fui a uma terra chamada Mandacaru, onde há um farol com uma visão 360° sobre a zona dos pequenos lençois ( E eu sem máquina)
Depois Caburé, uma península entre o Rio Preguiça e uma praia deserta, muito bonita. O Mar, um caldinho turbulento, uma espécie de canja de galinha com tabasco.
Quanto á companhia, fui com duas ¨coroas¨, uma paulista e outra carioca. A paulista era um pouco frívola, mas simpática. A carioca, uma gordinha bonita a roçar os 50 anos, era cheia de pelo na venta, não como a idiota do dia anterior, mas no sentido figurado.
Foi fixe.
7. O jantar, na esplanada do costume, foi frugal, ao contrário do almoço, Peixada à Maranhense. Comi só uns cubinhos de queijo com azeitonas e palmito, enquanto escutava o doce chacoalhar da minha caipiroska de maracujá no Shaker.
No fim do Jantar, o neguinho camareiro perguntou-me se eu era investigador, cientista ou professor, porque me via sempre a ler ou a escrever.
8. Estou indeciso, não sei se amanhã vou para S. Luís, capital do Maranhão, ou Santo Amaro, santa terrinha onde a electricidade termina às dez da noite. Vai depender do lado para que acordar virado amanhã, e isso é tão bom!!!

Friday, October 27, 2006

26-10-2006- Paulino Neves- Barreirinhas.
1. Acordei antes das 5 da manhã, com o cantar de dezenas, senão centenas de galos, cujo chamado se mesclava num ulular fantasmagórico.
Saí do quarto para iniciar a minha primeira caminhada entre os Lençois Maranhenses, mais concretamente na zona que chamam pequenos lençois. Paulino Neves é o único povoado onde é possível aceder a pé às dunas.
Andei uns 2 km pela vila deserta até que vi um Oceano de Dunas, como o das fotos que impulsionaram a minha viagem. Lindo, com a luz difusa do Sol que despontava.
Comecei a trepar o areal que parecia fumegar pela acção do vento sobre a areia branca e fina. Ao chegar a uma duna mais alta, fiquei com a Vila nas minhas costas, uma lagoa à minha esquerda, um mar de dunas à direita e uma ria seguida de Praia pela frente.
Avancei até à planicíe de pasto que me separava da orla marítima. Andei pelo meio das vaquinhas (muuuuuu!!!), das cabrinhas (mééééééé), dos cavalinhos (rinch brrrrrr) e dos fanhosos a levar no rabo (hon hon hon hon hon hon hon). Não sem receio, diga-se, porque eu, como bom city boy, não sei muito das reacções destes animais. mas sobrevivi!
Cheguei á Ria e andei por uma língua de areia que a cortava a meio, sem no entanto chegar à praia, que, se não era virgem, pelo menos não deve ter visto muita pila. Já não tive coragem de contornar a Ria para aceder à Praia, já tinha caminhado uns km e ainda tinha que regressar à Pousada. Já foi muito bom assim.
Depois foi tomar o café da manhã, ler, deitado na rede, falar um pouco com a Dona Mazé da Pousada, uma velhinha muito simpática e que exala uma tranquilidade sábia, e depois embarcar em mais uma viagem esmaga-coccis até Barreirinhas, mais 2.30 na traseira de um Land Cruiser.
Quanto à viagem, nada de especial a registar. Acompanharam-me 2 nativos, um casal de brazucas freaks com expositor de brincos e pulseirinhas e tudo, um casal de americanos de S. Francisco, um Casal de Israelitas de Tel Aviv e dois Pilotos da Iberia Madrilenhos.
Estes últimos fizeram-me inveja, pois desceram desde Quito, no Equador pelo Peru até à Amazônia.
Cheguei a Barreirinhas e instalei-me na Pousada Lins. Biblia Lonelius Planetus dixit, ego facet (já não me lembro das declinações latinas, pensando bem acho que nunca as soube). Mais uma vez estou à patrão. Podia pagar 10 ou até 5 Euros por um quarto, mas pagando 20 tenho piscina, rede, casa de banho grande, silêncio e paz, sempre que tal me permitem as carrinhas da campanha eleitoral, que correm desembestadas todas as localidades do Brasil em busca do ultimo votinho.
Amanhã vou aos Lençois Maranhenses propriamente ditos, a outra Lagoa Azul. Será desta, Brooke? Ainda mais agora que a minha cunhada me informou, com base nas suas leituras de Jornalista de respeito, como a Gina e a Ana + atrevida, que deixaste o gajo das raquetes?
Sábado vou fazer outro passeio, a Caburé, e Domingo zarpo daqui em direcção a Santo Amaro.
2. Entretanto, prossigo a minha Maratona literária, ¨ Viva o Povo Brasileiro¨, 673 páginas, A5, letra pequena, já li 450.
Versa sobre a génese deste País, de forma romanesca e exemplarmente bem escrita, sobre como ele foi erigido pelos nossos brutos antepassados à custa do sangue, suor e lágrimas de milhões de negros, explorados, humilhados, tratados abaixo dos animais, sendo que estes têm a benção de não inteligir.
Perdão, Irmãos, e obrigado por não descarregarem sobre nós a cruel vingança que merecemos.
Toda a gente fala do holocausto, mas a escravatura terá dizimado ainda mais gente, depauperando ainda mais o continente africano, já de si tão inóspito.
São coisas do passado, dirão alguns. 100 anos, atendendo às sevícias a que foram sujeitos, não é passado, são os nossos bisavós e os deles!
3. Hoje dei uma queda aparatosa no centro deBarreirinhas. O meu chinelo prendeu-se num ferro espetado no chão e caí para a frente. Valeram-me o Hoquei e o judo, que me ensinaram a cair instintivamente sem me magoar.
Curiosamente, apesar de a rua estar cheia e de ter inclusive soltado um UFFF sonoro, aparentemente ninguém viu. YES!!!! Ainda bem, está calor demais para corar...
Mazelas: um fio de sangue a correr de debaixo da unha do pé (Mãe, já pus betadine e um penso) e uma amolgadela na lombada do Moleskine,].
4. Finalmente a Lua começa a despontar! Estava a ficar farto das noites escuras, faltava este elemento essencial, o Luar.
Bebi uma caipiroska numa esplanada sobre o Rio Preguiças, em Barreirinhas, a fazer tempo para que fosse uma hora decente para jantar. Não é que não tivesse fome, mas eram !8:15, e isto de ter horários de reformado inglês no Algarve de sandalinha e meia branca tem que acabar!
Os meus companheiros de viagem, excepto os nativos e os freaks, estavam na mesa ao lado, e convidaram-me para juntar-me a eles. Fui, que remédio, estava um pouco relutante porque isto das relações sociais pode tornar-se absorvente, e não me quero desviar muito dos meus planos. Para além disso, não tinha simpatizado muito com eles.
Mas enganei-me rotundamente, passei uma noite muito agradável, sobretudo com os americanos e os espanhóis, pessoas interessantíssimas, que viajam pelos sítios mais incríveis e me fazem sentir como um menino que está a atravessar a rua sozinho pela primeira vez. Um esteve três meses em Madagascar, outro fez uma digressão pelo Senegal a tocar com uma banda de Reggae Local e tal e tal e tal.
Mas pessoas simples e abertas, que aparentemente gostaram de mim, já que me convidam para tudo e mais alguma coisa, precisamente o que eu não queria, mas logo se verá.
Mas enfim, é para aprender a não julgar as pessoas pela 1ª impressão. passámos a noite a beber cervejas de lata, a conversar e a ouvir os americanos cantar, tocar guitarra e harmónica, desde Folk a música Guatemalteca de raíz sandinista, passando por Neil Young. muito COOOOLL!

Thursday, October 26, 2006

25-10-2006- Parnaíba-Tutóia-Paulino Neves

1. Ónibus em direcção a Tutóia, onde tenho que ir para tentar arranjar transportes rumo a Barreirinhas ou Paulino Neves, que são as portas de acesso ao Parque Nacional dos Lençois Maranhenses. Viagem de duas horas e meia.

Comecei por ouvir o It's Alive de Ramones, dava um testículo para ter estado naquele concerto. Depois passei para Prodigy, já não ouvia há decádas, soube-me bem. Agora estou em Skazi, que para quem não sabe é trance pica-miolos. Eu gosto, e depois???

Em todo o caso, tenho que acalmar, estou a ir para a santa terrinha.

2. Cheguei a Tutóia, o Onibus parou. Perguntei como ía para a pousada onde me podiam dar informações sobre o transporte.

¨Ele te leva¨, disseram-me, apontando para um tipo em cima de uma espécie de DT. E lá fui, eu que me pelo de medo de motas, à pendura com a minha mala de 15 quilos em cima do joelho. Fomos a dez à hora, mas ainda assim tremia que nem varas verdes.

Cheguei à Pousada. Um sítio indescritível, pardieiro dos antigos, a fazer lembrar um qualquer motel de beira de estrada em Vilar Formoso, onde os camionistas levam as meninas. Estou a rezar para que me arranjem um carro, senão vou ter que ficar aqui mesmo...

3. Ufa.... ao fim de três horas de espera, lá consegui alguém que me levasse a Paulino
Neves. Um Land Cruiser com caixa; preço para viajar 100 km, 5 Reais, menos de 2 euros.

4. Em Tutóia, a Farmácia é também agência do Banco do Brasil, e o cemitério tem o nome pomposo de ¨ Cemitério da Igualdade¨

5. Em Parnaíba disseram-me que Paulino Neves, que também se chama Rio Novo, é um sítio peculiar, porque apesar de pequeno, tem uma considerável percentagem de cidadãos homosexuais. Há quem pense que tem a ver com a água do rio. Conforme me disse um Pescador da Aldeia de Tatu, ¨têm machão de pelo na costa que entra no Rio e já sai rodando a bolsinha¨.

Eu não tenho pêlos nas costas, para minha felicidade e prejuízo das depiladoras a laser. Por isso, naquele rio não molho nem os pezinhos. Aos 31 anos já é muito tarde para mudar de time.

6. Cartaz no caminho para Paulino Neves:

A POPULAÇÃO AVISA:
ANTES DE ENTRAR NESTE POVOADO
TIRE O SEU CAPACETE
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Este País é pródigo neste tipo de advertências inconcebíveis. Por exemplo, em Abril passado, quando fazia a viagem de autocarro entre Foz do Iguaçu e Curitiba, começaram a surgir inúmeros placares na BR (estrada nacional) a avisar ¨ ATENÇÃO, RESERVA INDÍGENA¨.
Chegados à dita reserva cruzada pela estrada, os cartazes passaram a ser ¨ ATENÇÃO, INDÍGENA NA ESTRADA¨, havendo mesmo aquele sinais triangulares de perigo com o veado ou a vaca substituídos por um indiozinho de pena na cabeça¨
Já antes, quando comprava o bilhete para essa viagem, deparei-me com dois avisos afixados na bilheteira:
¨ Todo o objecto transportado do paraguai é, à partida, considerado contrabando, até prova em contrário¨ e ¨ PROIBIDO LEVAR CIGARRO E PNEU¨
Já em Curitiba, numa pizzaria, a seguinte advertência ¨ Não emprestamos revistas. É favor não insistir.¨
E muitos mais que memória não guardou e na altura não havia moleskines nem blogs. É pena, porque uma das coisas que mais gosto neste país são estes pequenos detalhes que me deliciam.
7. A viagem: 2 horas em estrada de areia, por fileiras intermináveis de casas paupérrimas, todas elas cheias de crianças com quase 100% de sangue Indío. Fui sozinho na caixa do dito Land cruiser, ora batia com a cabeça no toldo\tejadilho em Madeira, ora esmagava o perineu contra o Banco.
Enfim, cheguei a Paulino Neves, fui directo à Pousada da Dona Mazé, que me tinham aconselhado em Tutóia. Pousada modesta, mas... basta-me dizer que tem um Rio com cerca de metade da largura do Douro a correr no quintal das traseiras.
De resto, tranquilidade absoluta, Comme Il faut!

Sunday, October 22, 2006

21-10-2006- Jericoacoara

1. Acordei novamente às 4 da manhã. Credo, o que se passa comigo? Bebi um sumito e saí, subi a uma duna mais afastada do mar e fiquei à espera do Astro, enquanto escutava os ruídos da Natureza. Aprende-se muito a ouvir a Natureza. Por exemplo, nunca tinha reparado que o zurrar do burro se assemelha a um fanhoso a levar no rabo [as coisas que eu digo]
Enfim o Sol chegou, tirei fotos como um japonês, e depois tive que esperar duas horas até que os calões da Calanda (pensão) se decidissem a servir o pequeno almoço.

2. Pequeno Almoço que enfardei:

- café com leite
- pão com fiambre e queijo
- suco de abacaxi e suco de maracujá
- iogurte natural caseiro
- bolo de chocolate
- panquecas com mel

O Açucar tem formigas? ATÉ AS COMEMOS, CARAGO!!!!

3. Vou postar aqui este texto do carioca poeta do Amor, Vinícius de Moraes. Já o tinha reproduzido no emérito e moribundo blog ¨ Saudosos do Porco Sujo¨. mas é tão bonito e verdadeiro que nunca é demais.

¨Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ... A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, trêmulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os¨

4. Hoje está um calor de ananazes, como dizia o Eça, ou o Peça, ou outro finado, não interessa. Pela primeira vez desde que cheguei, o vento amainou um pouco. Salvé vento, que criaste estas dunas. São nove da manhã e já não consigo estar na rua. Por um lado, ainda bem, dentro de dois dias vou para Parnaíba, no Estado do Píaui, o mais quente do Brasil. Por isso, é bom que me vá acostumando
Atendendo à canícula, planeio ler o dia inteiro, dormir uma sesta, e lá para o fim da tarde visitar o Atlântico.

5. Tenho um costume, que partilho com o meu núcleo duro, como gosta de definir o meu amigo Demo Lucífer Mefistófeles de Satanás, vulgo David Valadão (vulgo mesmo, seu porcooooo)
Necessito absolutamente dos meus poisos, um sítio para pendurar o meu chapéu, como desejava o Chatwin. Se gosto fico, e volto.

Em Lisboa é o meu bar, óbvio, e o Opart.

Aqui em Jeri, o Café Brasil, para uma sandocha e um suco, sempre com bossa nova e um ventilador bem em cima da minha cabeça, e ao jantar, o restaurante sabor a lenha, de um ilustre porteño (oriundo de Buenos Aires, cidade de que sinto saudades) , o tal da comida deliciosa e da garçonete bonitinha com um sorriso que ilumina. Não lhe vou perguntar o nome, ainda sai um Maria Creuza ou Edineide e lá se vai o charme.

6. Os brancos têm um desplante inacreditável!

Escravizaram, dizimaram, humilharam e oprimiram 3/4 do mundo durante séculos, 4/5 se contarmos com as mulheres das suas próprias sociedades. Agora caminham altivos e magnânimos por terem concedido, alegadamente, uma espécie de alforria aos seus ¨protegidos¨ de tez e cultura diferente. E não conseguem entender porque alguns deles ainda os odeiam...

Brancos de Merda! Ainda bem que eu sou mais p'ró acastanhado.

7. Chego ao quarto depois de uma hora imerso no Oceano. tomo um duche e deito-me na cama, de barriga para baixo, a flutuar novamente, ao som do ¨Street Spirit¨ dos Radiohead.

8. Acreditem ou não, estavam duas vacas e um bezerro à beira-mar a ver o pôr-do-sol. Tenho fotos que o comprovam.
Estive a observá-las longamente, são tão engraçadas- ¨vaquinha, vaquinha¨, até fiz festas na cabeça de uma.

Agora, no meu Restaurante, acabo de pedir um Filet Mignon mal passado

Sou um Selvagem!

Friday, October 20, 2006

20-10-2006- Jeri- Lagoa Azul- Lagoa do Paraíso- Jeri

1. Ainda não tive oportunidade de aceder a uma lista telefónica para praticar o meu desporto favorito quando venho ao Brasil, ¨Namespotting¨.
É notável a quantidade de ...ineides e ...ovaldos que existem aqui em terras de Vera Cruz (pera aí, esta não era a gaja que apresentava o Agora Escolha?)
Para mim, os campeões em título são os jogadores da bola Wesnalton, Jociválter e Darnlei. No caso deste último, o Pai dele devia estar naufragado em cachaça quando foi ao Registo, decerto a intenção seria chamá-lo Wanderlei.

2. Gostava de ficar algum tempo aqui, mas sinto ânsia de partir em busca de outros paraísos. Se pudesse ía e deixava cá um alter ego [ se fosse brasileiro e tivesse filhos gémeos, chamaria a um deles alteregineide ou alteregovaldo]

3. Comer macaxeira frita e beber uma Brahma geladinha à beira da lagoa azul. sweet! Continuo à espera que apareça a Brooke Shields toda nua... Brooke, filha, tu és virgem, eu sou Balança, vem-me fazer cafuné, que no Agassi já não dá!!!
Para quem não sabe, esta menina arrogou-se de virgem durante anos, America's sweetheart obligé. parece-me a mim que era mais tipo Jardel, só com a cabecinha...
E para calar as bocas de reacção que fazem circular nalguns meios que eu estou a ficar careca, venho esclarecer que o meu cérebro não pára de crescer, o que leva a uma natural distensão dos ossos frontal, occipital e parietal, ou seja, da testa.

4. Terminei o ¨Mar Morto¨ nas margens da lagoa do paraíso. Obrigado Jorge, Amado até por Yemanjá. Segue-se João Ubaldo Ribeiro, ¨Viva o povo brasileiro¨. VIVA!!! O Durrel [my precious] fica para depois.

5. O bom de estar aqui sem muié:

¨ Quer pulseira?

Não!

Quer um Chapéu?

Não!

Vai um biquini para oferecé?

Não! ¨

Sempre com um sorriso aberto, um não rotundo e terminante, mas com leite condensado.

6. Estou com stress, nunca mais chegam os bolinhos de macaxeira com queijo...

7. Tarde em Itapuã- Vinícius e Toquinho

¨Um velho calção de banho
o dia pra vadiar
Um mar que não tem tamanho
e um arco-íris no ar

Depois, na Praça Caymmi
sentir preguiça no corpo
e numa esteira de vime
beber uma água de coco,

é bom Passar uma tarde em Itapuã
ao sol que arde em Itapuã
ouvindo o mar de Itapuã
falar de amor em Itapuã

Enquanto o mar inaugura
um verde novinho em folha
argumentar com doçura
com uma cachaça de rolha

E com olhar esquecido
no encontro de céu e mar
bem devagar ir sentindo
a terra toda rodar,

é bom Passar uma tarde em Itapuã
ao sol que arde em Itapuã
ouvindo o mar de Itapuã
falar de amor em Itapuã

Depois sentir o arrepio
do vento que a noite traz
e o diz-que-diz-que macio
que brota dos coqueirais

E nos espaços serenos
sem ontem nem amanhã
dormir nos braços morenos
da lua de Itapuã.¨

Esta é a música de amor da minha Mãe e do meu Pai vivo, seres que adoro e admiro profundamente, tudo o que tenho de bom brotou deles. Curiosamente, casaram no dia 22 de Outubro de 88, precisamente 18 anos antes de o meu outro Pai ter viajado.

8. ¨Eu sei que caio no inexplicável quando afirmo que a realidade, essa noção tão flutuante, é o conhecimento o mais exacto possível dos seres, e é o nosso ponto de encontro e a nossa via de acesso para as coisas que ultrapassam a realidade¨

Esta reflexão de Margueritte Yourcenar serviu de mote ao 1° livro sério que li,aos treze anos, ¨Memorial do Convento¨, de um certo Comunista canário. Isto ficou-me de tal modo gravado na mente que a sei em francês, conforme está no livro, eu que nem percebo muito do idioma de Baudelaire e Alain Prost.
Certo é que este conceito é uma das bases da perspectiva que desde cedo adoptei de todo este teatro existencial.
O meu maior logro nesta já não tão curta existência foi ter purgado toda a formatação, sou dono da minha filosofia!

9. Prostro-me e aceito que o Sol fustigue a minha pele. Não coloco entraves. Afinal, o Astro é Ele!
10. Aqui em Jeri, para lá das dunas de areia branca e fina entrecortadas por oásis de coquerais, da praia deserta e do mar tépido, há outra coisa que me preenche. As vacas e os burros deambulam entre os Sapiens sem temor. Honestamente, neste momento, sinto-me melhor entre os bovinos do que com os humanos. Faço horários contra-ciclo, tomo caminhos alternativos (perco-me invariavelmente, e isto só tem 5 ruas), só para evitar grandes contactos. Não sei se este estado de espírito se vai manter durante toda a viagem, mas agora só quero Paz e Natureza! Humanos há muitos, ó palerma!

11. E, ao contrário do que certos cabeças de uretra possam pensar, EU NÃO SOU UM TURISTA SEXUAL!!!

Thursday, October 19, 2006

18-10-2006 Fortaleza- Jericoacoara

1. Saí de Quarteiridorm com alegria. Agora sim, vai começar. A viagem entre Fortaleza e Jijoca decorreu sem incidentes. A Jardineira entre Jijoca e Jericoacoara, sempre em picada e pela praia, ía acabando com os meus tomates. Surpreende-me sempre como é que há pessoas a viver nos sítios mais ermos. pobreza de Job, ficam os sorrisos das crianças.

2. Em Jijoca, enquanto esperava a Jardineira, vi dois pedreiros artistas. Num prédio em construção, o que estava em baixo lançava tijolos para o que estava no 1° andar com a ajuda de uma vara, e este apanhava-os sempre com um jeitinho de anca ou levantando um pezinho.
Andou o Arquimedes a inventar a roldana para isto!!!

3. A Pousada Calanda é a MAIS BONITA DO MUNDO!!!

4. Duna do pôr do Sol- Majestoso!!! estavam umas 100 pessoas a ver o crepúsculo e no final aplaudiram. O Sol Agradece!!!

5. O pior de estar sozinho é a hora das refeições. Ainda por cima não trouxe um livro. Fico a ouvir um Reggae Brasileiro bacana (Armandinho) e a trocar sorrisos com a Garçonete bonitinha, que apesar de ter uns 18 anos, já é casada. Comi espeto de Camarão com manga e Filé de Peixe, ambos divinais. bebi duas caipiroskas, fiquei bêbado, e adormeci às 20.30, hora local.
17-10-2006- Lisboa- Fortaleza

1. Comprei o Célebre Moleskine, armado em campeão. Só depois reparei que era uma agenda, ainda por cima de 2007... Começa Bem!!

2. Paguei Tap, viajo na White, companhia aérea com nome de dentífrico de que nunca tinha ouvido falar. Resultado, espaço exíguo para as pernas, se a Vechia Signora do banco da frente resolve reclinar o assento, os meus joelhos tocam-me nas bochechas. E o cidadão entroncado que viaja ao meu lado insiste em tocar-me com a perna e o braço. E quero fumar... ARGHHHH! vou fumar o resto da minha vida para afrontar este Estado paternalista! Neste mundo pode-se matar, agredir, bombardear, oprimir, contanto que não se fume! Quando tiver o meu cancro no pulmão vou gritar para a porta da Assembleia da República: TOMA!!!!

3. Para ajudar à festa, ao lado da velha está uma Brasileira expatriada em Itália, com mais mamas que juízo, que não pára de olhar para mim e sorrir.

4. Muito por culpa da falta de nicotina e das outras 4.700 substância tóxicas que compõem o fumo do cigarro, não paro de me lamuriar. É tanto mais absurdo porque nos bancos centrais ao meu lado viaja um cidadão francófono amputado a meio dos dois antebraços, com a cara toda queimada e praticamente cego (tem um monóculo/lupa acoplado na lente direita dos óculos de fundo de garrafa) que lê sobre einstein e faz equações com o auxílio de uma espécie de pulseira de silicone com suporte para caneta. Acompanham este quasimodo dos tempos modernos dois viadinhos brasileiros!

5. A banda sonora da minha viagem é creditada a uma senhora da terra de Satã, de seu nome Polly Jean, Harvey pelo casamento, Femme extraordinaire munida de túbaros de cavalo. As sete horas de viagem serviram para ouvir a discografia completa. obrigado Polly. Want a cracker?

6. PJ Harvey- Legs

Oh you're divine Oh you're divine
Oh Oh Oh did I tell you you're divine
Oh Oh Oh Oh did I ever when you were alive

Did it hurt when you bled?
Did it, oh lover boy, oh fever head?
I'll bet you never thought I'd try
Your mouth, my love, was open wide

Singing oh you were going to be my life
Dammit!Oh Oh Oh Oh you were going to be my life
Did you sing "Oh happy day"?
Singing it Sing it that time I went away?

Got to ease my aching head
Do you know No other way cut off your legs
ohHey ohDid you ever wish me dead
Oh lover boy, oh fever head?

No you must, no you must not go away
How will you ever walk again?
And I, I might as well be dead
But I could kill you instead...

7. Fernando Gabeira: " Sempre que me vou despedir de alguém, a paisagem de volta do Aeroporto me parece estúpida e banal."

8. fila gigante no controlo de passaportes no Aeroporto de Fortaleza. Só para gringos (SWEET REVENGE). Uma funcionária passa pelas 100 pessoas que (des)esperavam e pergunta: " Tem algum Filipino aí?"

EU AMO ESTE PAÍS!!!!

9. Piada de uma Polícia Federal Barsileira para um colega, enquanto ele me controlava o passaporte: " Mulher é como chiclete! a gente come mastiga, cospe, pisa e ela ainda gruda no pé."

10. Cheguei ao Hotel em Fortaleza, que é uma mistura de Torremolinos com Quarteira. saí do Táxi e o motorista chama-me. Tinha deixado caír a bolsa com o passaporte, cartões de crédito, voucher do hotel, bilhtete de avião e 400 Euros no chão ao lado do carro!
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