Friday, December 07, 2007

7-12 Zipolite- Las Ventanillas- Mazunte- San Agustinillo- Zipolite

Ontem á noite jantei no hotel, um filete de atum ao vinho branco divino. Começo a duvidar onde se come melhor, aqui ou no Brasil.

E uma sobremesa cujo nome provém do grito desesperado De uma freira anâ submetida á pujança do John Holmes, Tiramísu! (ás vezes penso de onde desenterro tanta estupidez desta cabeça...)

Descubro na biblioteca daqui um livro do Jack Kerouac que nao conhecia, "Satori in Paris". Vou mixá-lo com o Camus.

Satori é uma expressao japonesa que Kerouac traduz por "Kick in the eye", e que significa despertar súbito.

Curiosamente, "Satori" e "Kick in the eye" sao o nome de duas musicas de Bauhaus.

Já tive alguns Satoris na minha vida, uns bons, outros maus, uns óbvios, outros enviesados. Mas se nao fossem eles, decerto nao seria o Homem que sou.

Citando Dostoievski, por intermédio do Prof. Costa e Silva, " O Homem habitua-se a tudo" (menos ás derrotas do Benfica, esqueceu-se o russo de acrescentar)

Sao os satoris que nos sacodem da letargia e nos levam a dar mais um passo.



Citaçao de Kerouac, referindo-se a uma prostituta, ou melhor, segundo o próprio, a uma mulher com quem foi para a cama e a quem deu 120$ para a educaçao do filho:


" She also wants to marry me, naturally, as I am a great natural bed mate and a nice guy"


Curioso, eu penso o mesmo de mim próprio! Eh eh!



Uma cama suspensa do tecto por cordas é um excelente simulador daquelas bezanas maléficas, nomeadamente da fase que medeia entre o esforço hercúleo para nao vomitar no táxi e o baixo relevo renascentista "Maria Madalena ante a sanita"

Fiz duas tentativas e, rendido, pus o colchao no chao( Venha a mim a mosquitada), na esperança que isto da cama suspensa nao seja uma medida de prevençao anti-lacrau.


A propósito de nada, que hoje estou bastante disperso... Há uma história que me fascina, que nao sei ao certo onde a li, talvez no "Imortalidade" do Kundera, esse grande livro que tanto me ensinou, e que eu nunca vou esquecer onde, quando, como e quem me o ofereceu.

Algures no Séc. XVIII ou XIX, um homem, penso que um músico, de origens humildes, é convidado para um banquete na corte. Ele senta-se e é acometido por uma vontade terrível de mijar.

Ora, como o homem nao faz a mínima ideiade como se escusar para ir á toillete, e como os acepipes e salamaleques sao infindáveis, ele vai aguentando até que a bexiga explode e ele morre, ali mesmo naquela mesa.

Passando ao meu dia, depois de uma noite a matar mosquitos, tomo o pequeno almoço e aproveito a boleia do Bruno, Genovês 5 estrelas que é o dono da pousada, até La ventanilla, praia limitada a Leste por uma enseada e uma Rocha furada (daí o nome) sendo a ocidente praia deserta e de mar aberto a perder de vista.

Vou com o Carlos, um puto muito fixe e conhecedor num barco a remos por um mangue com água vermelho mercúrio( foi ele que disse)que origina um espelho de água magnífico. O mangue está repleto de crocodilos, que vejo tanto nas margens, de boca aberta para absorver o calor do sol, bem como a cruzar as aguas. Vejo também iguanas verdes e uma infinitude de aves, abutres, garças das mais diversas espécies, Ibis, Cegonhas Mexicanas (de sombrero e de bigode), etc...

Passei uma hora muito fixe com o rapaz, que veio da Cidade do México como voluntário e vive das poucas gorjas que recebe e dos peixes que pesca.

Perguntei-lhe se queria regressar á capital e respondeu-me que nao, que ali tinha tudo o que precisava. É apaixonado pela Natureza, tem a instruçao primária mas sabe mais que muitos biólogos.

Depois, vou para a praia de Mazunte. No trilho que a ela conduz, sou mais ou menos perseguido por um galo enorme, o que faz com que eu comprima os musculos do traseiro e encolha os dedinhos dos pés.

Nao gosto muito destes bichos, porque uma das minhas primeiras recordaçoes de infância é estar a andar pelo terreno da minha casa de Almancil quando um galinho-da-indía, pequeno e empertigado como o meu irmao Didi, voa para cima de mim, crava as patas no meu queixo e, batendo as asas, dá bicadas repetidas na minha testa.

Chego a Mazunte, que é uma baía larga com rochedos que emergem do Mar.

Parece-me o cenário ideal para uns camaroes com molho de alho e uma Sol. Ay caramba!!!

Depois, San Agustinillo, praia soberba, com quatro baías formadas por rochedos que avançam sobre o mar, travando a ondulaçao e criando piscinas.A temperatura da água é perfeita.

Depois do banho, deito-me de braços abertos na areia sob o sol escaldante, a ouvir os gritos do Plant, a guitarra do Page, o baixo do Jones e a bateria do Bonham, bem alto no seu dirígivel de chumbo.

E sem protector solar!!!

ROCK N ROLL!!!!!

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