Monday, November 20, 2006

Epitáfio!

depois do blog, segue-se o Fotolog:

www.fotolog.com/jzz

Queria aproveitar para agradecer enfaticamente a todos os que comentaram o post final do blog, ou seja, NINGUÉM!

Estou a brincar!

Grato pela atenção dispensada, subscrevo-me, com elevada estima e consideração

Selvajzz

Friday, November 17, 2006

Epílogo.
Acabou-se o que era doce!
Chegou ao fim aquela que considero ter sido a primeira viagem da minha vida, apesar de já ter sido antes turista em vários países.
Digo isto porque considero que qualquer viagem, geográfica ou egográfica( se não existe, passa a existir), é algo de marcadamente individual, com as etapas e as vicissitudes crivadas pela vontade pessoal.
E esta viagem teve, de facto, tanto de geográfica como de interna, de busca do "Eu", do " Quem sou Eu", questionando certas opções filosóficas da adolescência.
Congratulo-me porque acho que redescobri o meu " Eu" profundo e sensível, o verdadeiro, e isso fez com que voltasse a sentir-me vivo, o que é muito importante.
Regresso então a casa de peito e coração cheio. Vivi um bom acervo de experiências e sensações, ri, chorei, pensei, abstraí, estive com a Natureza e com as pessoas, e, mais do que isso, vivi comigo próprio uma relação muito intensa, saudável e gratificante, num onanismo mental e emocional.
E até me diverti, como parecia ser tão importante para todos os que se despediram de mim antes de partir, e que só me diziam " diverte-te" e " usa dois preservativos" (como se isso fosse possível para alguém com a minha envergadura...)
Essencialmente, durante este mês de visita ao País que eu amo, senti-me muitas vezes intensamente feliz, o que para mim é muito importante, pois, nas palavras de João Ubaldo Ribeiro, que corroboro,
" A gente só leva desta vida a vida que a gente leva"
FIM!
P.S. TENHO OS MELHORES AMIGOS DO MUNDO!!!! FOI A MELHOR SURPRESA DA HISTÓRIA! OBRIGADO!

Thursday, November 16, 2006

12-11 a Alter do Chão-S. Luís
13-11 S. Luís- Santo Amaro
15-11 Santo Amaro - S. Luís
16-11 S. Luís- Fortaleza-Lisboa.

1. Resumindo:

1. Em Alter do Chão, acordei bem cedo de manhã para subir novamente ao monte, que a hora e pouco de trilha e escalada são bem recompensadas por aquele panorama.

Depois, uma hora de imersão naquela lagoa tépida e avião para S. Luís.

Sobrevôo magnífico pelo manacial de lagoas, rios, e areais que salpicam a monocromática selva amazônica. vivi um momento algo maníaco-depressivo, pois ouvi todo o tempo as mesmas três musicas: Cure for Pain e I'm Free now, de Morphine (Mark, R.I.P) e A Place Called Home de P.J. Harvey.

Depois, S. Luís do Maranhão, cidade que ficou com o meu coração!

No dia seguinte, Santo Amaro, lugarejo nas fraldas dos Lençois (isto soa mal mas que se lixe!), perto de uma lagoa fabulosa, lagoa da gaivota, onde passei uma tarde que nunca vou esquecer. Após o pôr-do-sol, comecei a correr como um moleque pelas dunas e quando parei e olhei aquele cenário tive uma descarga emocional que quase criava uma outra lagoa a meu pés.

Só um pensamento inundava a minha mente:

ESTE SOU EU!!!!!

Depois S. Luís, despedida, até breve. e agora seca de 7 horas no aeroporto de Fortaleza.

Amanhã ponho um ponto final neste pasquim...
11-11-2006- Alter do Chão

1. Comecei o dia a ver algo inaudito. Um tipo a andar de bicicleta e a tocar viola!

De resto, jornada integralmente dedicada à Natureza, na companhia dos meus companheiros ambientalistas. Trilhas na floresta, passeio pelas praias de rio, a oeste, e de lagoa, a este, para culminar com uma escalada ao fim da tarde ao monte mais alto daquela região do Tapajós para uma visão panorámica sob aquele cenário magnífico, pontuada pela maviosa orquestra da floresta. Tive vontade de passar ali a noite.

Mas descemos, jantámos e fomos ao bar lá da terra, onde assisti na mesa ao lado a mais uma cena de filme, esta de Almodóvar:

8 mulheres numa mesa, duas cinquentonas, 2 quarentonas, 3 nos vinte e uma teenager, que, pela conversa era recém casada. Mãe, Tias, Primas e Irmã da dita teenager.

E a conversa versava, alto e bom som, sobre o facto de o marido da teenager lhe ter pedido que ela lhe enfiasse o dedo no rabo!!!

E a Mãe dizia ¨ tens que fazer, filha, é como o sexo oral, tudo é acto libidinoso¨

E a Tia ¨ Não faz não, depois não tem limite, onde isso vai parar?

E a Teenager ¨ Mas seu eu não fizer, tenho medo que ele vá procurar um homem.

E a prima ¨ Eu sou advogada, eu é que sei, você tem que fazer o que lhe der prazer, senão ele vai procurar quem o faça¨

E nós na mesa do lado... O Haroldo (Haroldo eh eh) leu o cardápio umas vinte vezes e eu quase arrancava o lábio inferior de tanto o morder, para que não caísse na tentação de sugerir uma solução de compromisso, como o dedo mindinho...

Saturday, November 11, 2006

9-11, 10-11, - Alter do Chão.
1. Vou ser rápido porque a net aqui é muito instável. Estou num sítio tão bonito, mas tão bonito, ahhhhhhhhhhhhh!!!
Uma vilazinha na margem de uma lagoa enorme com uma ilha de areia branca no meio, chamada ilha do amor, e acessível a pé com agua pela cintura.Na ilha, as barraquinhas dispõem as mesas e cadeiras dentro de àgua, estava lá um gordão com àgua pelo queixo e com os dois braços levantados, segurando numa mão a cerveja e na outra o copo. Vida duuuuraaaa!!!
Á volta da lagoa, só floresta, passarinhos e muita beleza.
A parte da ilha do amor parece as Caraíbas ou Bora Bora. A parte do lago, parece a Suiça ou a Escócia. É impressionante.
Ontem cheguei de Santarém, pus a tralha na pousada, cujo quarto parece uma cela do linhó, sem janelas e com as paredes e chão escavacados, e meti-me na lagoa com àgua até ao queixo, porque o calor estava insuportável.
Depois fui-me deitar cedo, porque queria acordar às 4 da matina para ver o nascer do sol. O que não aconteceu, porque choveu torrencialmente entre as 4 e as 8 da manhã, pelo que fiquei confinado à reclusão da minha cela, a terminar o Mr. Norman Mailler.
Quando o tempo abriu um pouco, fui ao café beber uma cola e comecei na conversa com dois tipos, sendo que um deles, Jorge, me levou, a mim e a dois funcionários do Ministério do Ambiente que chegaram entretanto a um retiro no meio da floresta onde vive uma espécie de xamã indío/hippie. Fomos no carro mais podre que alguma vez vi na minha vida, sem banco do pendura e com um buraco no chassis nesse espaço, e que ligava por ligação directa.
E lá fomos, estivemos a falar com o homem, Paulo Brasil, que tem uma espécie de culto baseado nos rituais indíos da amazónia, tivemos uma conversa de duas horas bastante interessante.
Depois, o tal do Jorge, que é uma espécie de discípulo renegado, o que dava para ver pela forma como o Paulo Brasil olhava para ele do alto da rede onde se balançava de cada vez que ele fazia um comentário, invariavelmente oco e despropositado, foi-nos mostrar o bosque sagrado, onde eram realizadas as cerimónia do Culto/seita (não percebi muito bem)
Chegámos a uma clareira no meio da mata, que era o local central da cerimónia, com um santuário e umas plantas, e o cara diz.
¨ Aqui é o círculo de fogo, onde comungamos os nossos espíritos, blá blá¨
Imediatamente a seguir a dizer isto, começa a mijar contra uma árvore. E enquanto o fazia, pôs-se a falar sobre respeito, que é o princípio fundamental do culto.
Surreal!!!!
Depois, passei o resto do dia com o Bruno e o Haroldo (haroldo, eh eh). Das duas uma, ou estou com muita sorte ou encontra-se restaurada a minha fé na raça humana. Que dois caras interessantes! Um é biólogo e outro agrónomo, ambos senhores de uma cultura e inteligência impressionantes. Tanto que estivemos juntos das nove da manhã à uma da manhã, sempre a conversar ou a rir. excelente!
2.Este Blog vai definhar, poque a Net aqui é linha telefónica e vai constantemente abaixo para não mais voltar.
Depois vou para Santo Amaro, que nem net tem.
Em todo o caso, vou tentar actualizar. Afinal, já falta tão pouco...
buááaááááááááááááá!!!

Thursday, November 09, 2006

8-11-2006

1. Hoje acordei com um humor de Búfalo!

Esta malta tem a mania, pelo menos no que respeita a viagens, de combinar as coisas com uma antecedência absurda. Já em Paulino Neves me irritou, a Toyota para Barreirinhas devia ter chegado às 13:00 e ao 12:30 já tinha metade da vila à minha procura porque anteciparam, Resultado, tive que arrumar tudo à pressa e ainda os obriguei a voltar para trás porque tinha esquecido o carregador de bateria da máquina fotográfica.

Hoje, tinha Barco de Marajó para Belém ás 6.30, a van demora meia hora a chegar ao cais, por isso, a van passava na pousada às 5 da matina!!! Porra, será que é preciso fazer check in?!?!?!

Então, acordei às 4.30, raspei as ramelas com uma faquinha e lá comecei a arrumar as coisas. Ás 4.40 tocam-me à porta, era o motorista da Van, com cara de poucos amigos a apontar para o relógio. escondi o meu mau humor na bochecha esquerda, sorri a contragosto e disse-lhe que já ía. 5 minutos depois, o real cabrão bate-me à porta outra vez, com ar de que ou ía ou ele punha-se a andar.

Aí, viu o que poucos viram até hoje. O meu real mau humor matinal. Três palavrinhas de voz rouca, dois monossílabos, ¨ Jᨠe ¨vou¨, e outra de três sílabas, que não vou reproduzir, foram suficientes para que ele baixasse a bolinha.

É que um gajo combinar algo às 5 da manhã e chegar 20 minutos adiantado, é dose, não há quem aguente.

Como é obvio, chegamos ao cais às 5.20 que raaaaaaiiiiivaaaaa!!!!!!

Cheguei ao barco e agarrei-me logo a um banco corrido, para dormir durante a viagem. Caguei no Amazonas, tenho sono. Mas depois, vício maldito, levantei-me para fumar um cigarro, e quando regressei já tinha um cidadão esparramado no meu banco, sendo que o pezão dele só me dava margem para sentar e pouco mais. Mas ainda assim dormi um pouco e o humor lá foi melhorando.

Chegado a Belém, Taxi para o Aeroporto. Devo estar com especial aptidão para as relações sociais, pois no final dos 20 minutos de percurso já o Natalino taxista me dizia que era uma pena que só nos tivessemos conhecido ali, porque senão íamos beber umas cervejas com os amigos e umas meninas, e que quando voltar a belém fico em casa dele, e deu-me o n° de telemóvel, etc... será Impulse?

Enfim Santarém, cidadezinha n confluência dos rios amazonas e tapajós, e muito interessante, fervilhante de comércio, muito descontraída e com um avendia marginal muito bonita. Gostei.

2. Jantei numa esplanada junto do Rio. alguém me pôs o seguinte papel na mesa:

¨ ATENÇÃO!!!!
Deficiente auditivo pede a sua ajuda com o objectivo de comprar um lote, para aí poder construir uma casa. Se der 1 Real ou 0, 50, será inundado com as bençãos eternas de Deus, porque só Jesus salva!!!
Recordou-me de uma das poucas vezes que dei dinheiro a um carocho no Bairro alto. Estávamos em frente ao Spot e pediu uns trocos para comprar uma casa de férias nos Açores.
Nota dez pela originalidade

Wednesday, November 08, 2006

7-11-2006- Ilha do Marajó
1. Finalmente, hoje vi sítios bonitos nesta Ilha do urubu. Muito bonitos mesmo, já posso dizer que valeu a pena ter vindo cá.
Na mesma pousada que eu está um Suiço de 58 anos, que veio viajar sozinho pelo Brasil, numa espécie de férias conjugais. Como ele fala um inglês sofrível, não percebi se ele é carcereiro ou assistente social numa prisão de Zurique. Espero que este último.
Enfim, o senhor conheceu um Alemão que tem uma pousada na vila de Soure, e que nos podia arranjar uns passeios pela ilha.
E lá fomos os dois, o helvético Erwin, simpático mas meio passado dos cornos e muitíssimo atrofiado, e eu, este modelo de beleza, simpatia e sagacidade que todos vós aprenderam a idolatrar.
Estivemos na conversa com o alemão, Bernd, que era prof. de educação física em Wisbaden e jogador da Manschaft de volleyball teutónica, como diria o Gabriel Alves, e que um dia veio parar ao Marajó, apaixonou-se por uma moça, e por cá ficou.
Conseguiu que um marceneiro local, que têm uma lancha, nos levasse a dar um passeio pelos afluentes do Amazonas, que têm ligação por canais cavados no meio da floresta tropical. Simplesmente espectacular.
Á tarde, fomos a uma fazenda da cunhada dele, uma descendente de Libaneses, onde faz criação de Búfalos, bovinos, cavalos, etc, e que tem uma áreazita de seis mil hectarezitos com floresta, pântano, lagos, rios, praia, tudo. Chegamos lá e a puta da velha (passe a expressão) obrigou-me a montar num búfalo, que lá estava de sela posta pronto a receber a turistada, coisa que eu detesto. Fi-lo para não ser indelicado e até a deixei tirar-me foto, que diga-se de passagem, é a primeira desta viagem em que eu apareço.
Logo a seguir, vejo a mulher a apanhar uma coisa qualquer do chão. Começou aos Gritos: ¨
- Francisco, vem cá, o que é isto?
- Não sei, senhora!
- Francisco, tu não me mintas, tu comeste?
- Não senhora!
- Francisco...
- Comi senhora!

ERA UM PEDAÇO DE PELE DE UM CAMALEÃO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

disse-me ela que faz parte dos hábitos alimentares deles mas que está proibido pelo ibama caçar porque estão em extinção
De repente, vejo aproximar-se um mini bus que despejou 20 turistas lá no éstábulo dos bufalos. paulistas, sobretudo, e uma portuguesa, Gracinda, que tinha um aspecto híbrido de imigrante na frrrrance com adepta do boavista. E depois admiramo-nos das piadas de portugueses. Aquela gente fez tanto barulho e deu tantos gritinhos ao andar de búfalo e fez tantas perguntas idiotas que até fiquei com tonturas. E nunca vi búfalos com aspecto tão sábio, por comparação.
Depois, cena clássica de tour de carneiradas, na qual eu não estava incluído. A Sra. libanesa pôs a propria Mãe, que pelo aspecto decrépito deve ter sido uma das obreiras da independência do Brasil, a servir suminhos e tostinhas com doce aquela canalhada toda, isto enquanto os mais audazes davam mangas na boca dos búfalos, entre gritinhos nervosos e clicks de máquina fotográfica.
A isto seguiu-se o que normalmente sucede quando se vai visitar uma fazenda imensa num santuário ecológico com todo o tipo de fauna e flora. Foi sem surpresa quando ouvi a Sr. Libanesa anunciar:

¨ E agora, visitemos o nosso museu de Arte Sacra¨
Ía comprometendo a minha imagem de rapaz bem comportado, porque quase soltei uma sonora gargalhada, sobretudo quando traduzi para o Suiço e vi a cara dele.
Antes de entrar, fiquei a apreciar o concurso de benzidelas que a turistada fez ao entrar na capela mixururca decorada com umas estatuetas vulgaríssimas. Uns tocavam com o joelho no chão, outros beijavam os dedos depois de fazer a cruz. Um fartote. Ainda pensei em entrar, benzer-me e dar um 360° à Michael Jackson, mas estou com uma ferida no pé.
Depois, a dona da fazenda predicou, naquele cenário eclesiástico, o seu amor aos animais, ela que é veterinária e dedicou toda a sua vida aos bufalos. Ó minha amiga, o que não falta por aí são mulheres a dedicar a vida delas a bufalos ou outro de tipo de gado, bovino, suíno e, não poucas vezes, caprino.
A Sra. até era simpática, não fora o pequeno pormenor de ser fascista e herdeira directa dos beneficiários da escravatura, que de certo modo ainda subsiste ali, embora de um modo mais paternalista. Mas continua, exploração do homem pelo homem e uma pessoa com seis mil hectares de terra e 6.000 pessoas sem nada. É justo, não é?
Enfim, mas a senhora, que gostou imenso de mim (porra, que isto de ser cordial não compensa), chegou-me a dizer que com a actual situação política, ou seja, vitória do give me 4 lula, está à pensar seriamente em ir viver para Europa. Porque senão podia acontecer como no Portugal pós 25 de abril, quando um amigo dela português teve que lhe enviar para lá os seus cavalos andaluzes porque a população queria comê-los...
Cara senhora, com todo o respeito, VÁ À BARDAMERDA!!!!
Continuando, que estou a voltar aos testamentos. Após a cena da capela, e para meu espanto, a turistada meteu-se no autocarro e ala que é cardoso, nem viram nada da fazenda. Fiquei tão contente!!!
E então, a Sra destacou-nos o Sr. João, cuja família trabalha na Fazenda há 4 gerações (slave slave slave), e que pisava bostas de meio quilo com hawaianas sem pestanejar, para dar um passeio a pé comigo e com o Suiço.
Aí sim, maravilhoso, Búfalos e cavalos em liberdade num terreno alagadiço com todo o tipo de pássaros ( O nicolardo nem precisava de binóculos), desde tucanos a papagaios a garças brancas e azuis, colhereiros róseos, guarás escarlates, etc... espectacular.
Depois ao voltar para junto da dona, ela perguntou-me se tinha gostado. Eu, sincero, disse-lhe que tinha gostado muito do passeio na fazenda, mas que sou um viajante solitário e que muita turistada me fazia impressão. Ela segurou-me no braço e disse ¨ entendo, eu também sou uma viajante solitária¨.
Suspeito que eu devia estar a cheirar um bocado a búfalo, daí, talvez, aquela reacção...

Tuesday, November 07, 2006

6-11-2006- Ilha do Marajó
1. Mas porque é que eu fui andar de bicicleta!!!
Estou com umas dores nas nalgas que parece que estive ontem à noite a passear nu e de cabeleira loira pelo pátio do carandiru. E tenho uma ferida no peito do pé do tamanho de uma moeda de um cêntimo causada pela fricção da fivela da Hawaiana enquanto pedalava.
Ainda fui de manhã a Soure, capital do Marajó, numa viagem de barquinho que me teria sido agradável, não fora a dureza do banco de madeira sobre a minha rectaguarda virgem e delicada.
Depois, chegado lá, tinha que andar três km até à praia, andei 500 m e voltei para trás, sucumbindo à ferida e ao calor.
Dia perdido, voltei para a pousada, dormi, li, comi, dormi, li, comi, vim à net e agora vou ler e depois dormir. Gaita!
2. Entretanto, ontem havia começado a ler ¨ O Livro Negro¨, do Lawrence Durrel, que é, para mim o escritor que melhor domina a arte das palavras, pelo menos no que respeita à cor e perfume poético, erudito mas palpável, que confere à sua prosa.
No entanto, cruel desilusão! o ¨ Livro Negro¨, escrito quando Durrel tinha 24 anos, revela, talvez por isso, uma imaturidade e uma petulância para mim intoleráveis. Por isso, aos fim de 30 pags, pu-lo de lado (podia ter pulado de frente, mas não me apeteceu).
E ainda bem que o fiz, porque assim me foi dado conhecer um grande escritor norte-americano, Norman Mailler.
Já li mais de metade do seu livro, ¨ O sonho Americano¨, e estou a adorar. Por um lado, é uma espécie de livro ¨ noir¨, no mesmo sentido dos filmes homonimamente tipificados, imagino perfeitamente o James Stewart a desempenhar o papel, num preto e branco retro dos anos sessenta.
Tem um cariz fortemente psicológico, visceral mesmo, e um erotismo pungente, mas num estilo que me cativa, ao contrário da petulância do jovem Durrel.
E tem metáforas para mim brilhantes, como por exemplo esta, após o personagem principal asfixiar a sua mulher até à morte no quarto¨:
¨ Era um cenário tranquilo, um campo vazio como um canhão de guerra civil: acabava de disparar e brotava do cano uma derradeira coluna de fumo, que o vento dissipava. A tranquilidade era desse tipo¨.
3. E por hoje, como sou uma pessoa doente, é tudo o que tenho a dizer!

Monday, November 06, 2006

5-11-2006- Ilha do Marajó
1. Marajó está a ser a primeira decepção desta viagem!
A vila onde estou, Salvaterra, é suja e descaracterizada, e a Praia não é nada de especial, também suja e cheia de restaurantes implantados no areal a debitar forró e techno brega a altos berros. O Mar é um misto de doce e salgado com um cheiro desagradável E toda a ilha, praia inclusive, está infestada de Urubus, que é basicamente um abutre, um bicho tão nojento que me faz encolher os dedos dos pés cada vez que passo por eles.
Se não estivesse hospedado onde estou, ía embora hoje mesmo.
Amanhã vou dar um passeio por aqui para tentar perceber porque razão esta ilha é um dos 20 highlights do lonely planet no Brasil.
2. Então, fiquei na Pousada a acabar o meu livro, finalmente, porque com a minha vida social de S. Luís, acabei por deixá-lo um pouco de parte. O final não faz jus à qualidade das anteriores seiscentas e tal páginas, mas gostei imenso.
Ao fim da tarde, armei-me em Marco Chagas e resolvi alugar uma bicicleta. Gostei bastante, o espaço que medeia a protuberância peneo-testicular e o orifício rectal é que não achou muita piada. Será que os outros criam calo, ou sou eu que tenho ultra-sensibilidade perineíca?
Não sei, mas o certo é que, ao fim de alguns quilómetros, e apesar de estar em recta, já me levantava do selim como se estivesse a subir o alto da Sra. da Graça. só para dar descanso à terra de ninguém.
Ainda assim, fiz uns dez Km naquela pasteleira sem travões sem fumar um único cigarro e sem me cansar muito. Quer dizer, quando cheguei à pousada, estive uma hora prostrado numa espreguiçadeira em frente ao Mar, seguido de mais meia hora de barriga para baixo na cama sem conseguir arranjar forças para me virar.
Enfim, detalhes...
2. Depois, foi esperar pela Lua, hoje sim cheia, porque aqui pouco mais se faz. No mesmo sítio de ontem, lá estava a nuvem de tempestade a relampejar. Começo a acreditar que é uma projecção aqui da pousada. E Então lá apareceu a grande esfera alaranjada. MADE MY DAY!!!!
3. Ao jantar comi bife de búfalo, bovino que abunda aqui na ilha. Muito bom, suculento, tenro, gostei. E o queijo também é delicioso. Eu até agora Búfalo só conhecia a graxa para sapatos.
E pela primeira vez consegui comer carne mal passada nesta viagem. Nas minhas tentativas anteriores passei de pedir duas vezes a pedir três vezes a quase obrigar o empregado a sentar e explicar, fundamentadamente e por tópicos que queria o bife mal passado. Nunca resultou, até hoje. Talvez tenha sido pela apresentação em Power Point que preparei e apresentei à empregada, coadjuvado pelo coro de pequenos cantores de Salzburgo, que entoaram o hino da alegria.
Só digo disparates, deve ser de estar nesta pasmaceira de terra...

Saturday, November 04, 2006

4-11-2006- Belém- Ilha do Marajó

1. Acordei ressacadíssimo às nove e tal da manhã. Lá se foi o meu plano de ir ao mercado de Belém de madrugada. Enfim, não se pode ter tudo. Tomei o pequeno almoço e fui dar uma volta. Hoje a cidade já respirava um pouco melhor, menos gente. Acho que começo a entendê-la um pouco, mas em todo o caso não lamento muito deixá-la.

Perguntei no Hotel a que horas era o barco para Marajó. Disseram-me que à uma. Estranhei, no guia dizia que era às 14:30; Perguntei se tinham a certeza. Disseram-me que a certeza absoluta. Cheguei à estação às 12:30. O barco saiu às 15:00

ISSO É BRASIL, MERMÃO!!!
2. Barco tipo cacilheiro para a Trafaria. Viagem descendo o Amazonas até ao ponto onde ele espraia a sua imensidão sobre o Atlântico, junto à Ilha do Marajó.
Cinco Minutos após deixar Belém, já só se avistam ilhas com mata cerrada de ambos os lados. Depois, desaparece a margem esquerda, em seguida a margem direita, e fico a navegar no Rio Oceano.
Três horas de viagem, um pouco balançado mas muito agradável. chego ao Porto de Camarã e entro numa Van rumo a Salvaterra, vila onde marquei a pousada. Ao meu lado estava um bêbado que foi viagem inteira a falar comigo. Porquê sempre eu????
No meio da conversa etílica pergunta-me se eu achava que o Brasil tinha sido descoberto ou invadido pelos portugueses. Respondi que invadido, porque só se pode descobrir algo que não tem existência, e que parte das raízes do povo brasileiro já cá estavam . Ficou satisfeito e calou-se por dois minutos!
Cheguei à Pousada Bosque dos Aruãs, que me pareceu interessante pela descrição do lonely planet. Segui a gerente, muito simpática, até ao quarto que me estava destinado. Fiquei numa cabana de madeira situada num pequeno penhasco elevado três metros acima do Mar, ficando a cabana a uns 5 passos do declive.
Deitado na cama vejo pela janela a Lua cheia e o Mar cintilante, os raios lunares sendo os cabelos de Iemanjá, segundo a crença baiana. Estive uma hora na varanda da cabana com o Mar à minha frente, a Lua cheia à minha esquerda e uma nuvem de tempestade a relampejar no horizonte à minha direita. Até fiquei aparvalhado. É daqueles momentos em que fico com uma lágrima no canto do olho por não poder partilhá-lo com as pessoas de quem gosto, como dizia o Vinícius no texto que postei anteriormente.
Estou mesmo lamechas, deve estar para me vir o período...
3- Jantei na Pousada, a ouvir uma bossa nova dulcíssima, João Donato e Vanda Sá, que para além de ser um excelente guarda-redes, é óptimo a cantar bossa nova em voz de falsete (piada futebolística, Van der Saar guarda redes do Manchester, porra que é preciso explicar tudo).
O Menu foi sopa de Camarão, tipo sopa de cação alentejana mas com gamba fresquíssima e filé de peixe com um molho de refogado de tomate e camarão. Divinal!
Ás vezes acho que me torno chato por dizer bem de tudo. Perdoem-me esta forma de ser tão pouco portuguesa, eu sei que devia estar a descobrir os podres e a descascar em tudo e em todos. Mas acreditem, se não o faço, é porque não é mesmo possível.
4. Corcovado- António Carlos Jobim:

¨Quiet nights of quiet stars
Quiet chords from my guitar
Floating on the silence that surrounds us
Quiet thoughts and quiet dreams
Quiet walks by quiet streams
And a window that looks out on Corcovado
oh how lovely

Um cantinho, um violão
Esse amor, uma canção
Pra fazer feliz a quem se ama
Muita calma pra pensar
E ter tempo pra sonhar
Da janela vê-se o Corcovado
O Redentor, que lindo!
Quero a vida sempre assim
Com você perto de mim
Até o apagar da velha chama
E eu que era triste
Descrente deste mundo
Ao encontrar você eu conheci
O que é felicidade meu amor¨
3-11-2006- S. Luís do maranhão- Belém do Pará
1. Deixo S. Luís com o coração um pouco dorido. Gostei muito, tanto que as duas noites que pretendia ficar se converteram em cinco. E se tempo tivera, prolongar-se-ia mais a minha estada. É daqueles sítios em que me sinto em casa.
Isso acontece-me com Lisboa (se não fosse lá nado e criado e a visitasse, acho que sentiria o mesmo), Paris, Barcelona e Madrid, Rio de Janeiro, em menor escala por causa da miséria e violência, e Buenos Aires, onde gostava de viver uns dois meses. E agora S. Luís do Maranhão.
Vou, mas voltarei, aqui mais do que qualquer outro sítio desta viagem.
2. Decolo de S. Luís e 40 minutos depois cumpro um sonho de qualquer aspirante a viajante: Avisto pela primeira vez, do Avião, o grande Rio Amazonas. Imenso, correndo na mata cerrada, invadido por ilhéus verdejantes e alimentado por braços de água, os ramais de acesso a uma colossal e aquática Autobahn.
3. Chego a Belém. Não posso dizer que seja uma desilusão, porque também não esperava muito. A primeira impressão é que se trata de uma cidade feia, suja, sobrepovoada e sem muita alma. A zona ribeirinha junto ao Amazonas está totalmente degradada, exceptuando uma monstruosidade tipo o Port Vell de Barcelona, construído para albergar os turistas receosos do ambiente pesado da cidade. Amanhã vou dar outro passeio por aqui, a ver se mudo de opinião, mas duvido.
Enfim, estou de passagem!
4. Claro que não há feia sem senão! Ao lado do meu Hotel, Hotel Unidos, tão vulgar que nem vale a pena falar, vejo 5 palavras divinais:
RODÍZIO DE SUSHI AO JANTAR
Afinal temos noite! Ainda bem que eu não almocei.
5. Jantei Néctar e Ambrósia, ou seja, 4 pedaços de :
- temaki california
- hot harumaki
- tempura maki
- hot king
- makinara salmão
- makinara polvo
- uramaki filadelfia
- sashimi polvo
- sashimi salmão
- uramaki califórnia
tudo regado com caipirinha de saké.
6. No restaurante, para além de mim, estavam duas moças sozinhas, uma branquinha que eu pensei ser estrangeira e outra, quarentona, e claramente brasileira. Eu estava a ler, como é costume, e reparei que as duas começaram a conversar.
Estava eu a enfiar o último pedaço de sushi pela goela abaixo com um escopro e um martelo (que enjôo, meu pai do céu) quando se aproxima de mim a moça que me convida a juntar-me a elas. Ainda pensei em inventar uma desculpa, mas não me ocorreu nada e então lá fui eu, cheio que nem um abade e meio desconfiado.
A verdade é que tivemos uma conversa muito interessante, eramos um trio bastante improvável. A branquinha, Noela (credo), com pinta de hippie mal lavada, como diria o demo, é mineira, de ascendência francesa, trabalha no Ibama, de preservação da Natureza, e tem um terreno com o marido na Amazônia, onde planeia ir viver em breve para dedicar-se à agricultura.
A ¨coroa¨, cachaceira, como a própria diz, é daquelas mulheres inteligentes que se libertou após ter deixado o marido, tem mais pelo na venta que o Artur Jorge e é cheia de certezas absolutas. Estranhamente, é carteira numa cidadezinha do interior do Pará. Isto de ser mulher não é fácil, um homem com aquela cabeça não era carteiro de certeza...
E ficámos por ali a discutir de tudo um pouco, política, meio-ambiente, etc, até sermos expulsos.
O trio improvável foi então a outro bar, , onde tocava uma banda de covers. Quando entrei estavam a tocar ¨ The boy with a thorn in his side¨ dos Smiths, e por aí continuaram, mais smiths, cure, o ¨special K¨ dos placebo, cake, black dos pearl jam, etc. enquanto eu e as moças discutíamos o sentido da vida de uma forma tão profunda e esclarecida da parte delas que me impressionou. Parecíamos amigos de longa data, e não havia ali segundas intenções da parte de ninguém.
Muito interessante mesmo.
7. Amanhã à uma da tarde embarco Amazonas acima para a Ilha do Marajó. Duvido que haja Net, por isso até breve!!!

Friday, November 03, 2006

2-11-2006 S. Luís do Maranhão.
1. Dia de finados aqui é feriado, que para mim é a altura ideal para passear numa cidade, porque os habitantes estão just doin' their own thing.
Fui com os Americanos para a parte residencial do centro histórico, bastante mais pobre, e onde o povão se preparava para as intermináveis churrascadas, autêntico desporto nacional de norte a sul do Brasil.
Queria ir ao museu do negro, localizado no edifício sem janelas onde os escravos eram guardados até serem vendidos. Infelizmente estava fechado. Por isso, limitámo-nos a ¨hang out¨, o casal deixou as coisas no meu quarto e ficámos por lá na conversa.
Quando o sol se pôs, fomos para a pracinha do costume beber a cervejinha gelada do costume.
Mal chegámos, veio ter conosco um bêbado que nos deu uma seca de morte durante duas horas. Quer dizer, deu a mim, porque o Jeff ao fim de uns minutos deitou-se no banco e fingiu que dormia, e lá tive eu que gramar com o chorrilho de mentiras que o bebâdo Charles discorria, enquanto bebia cachaça misturada com vinho e com cerveja. blaaaarghhh!
O ser queria-nos convencer à força que fossemos com ele num barco até ao alto mar, onde ele, para provar a sua coragem, se besuntaria de sangue e mergulharia para provocar os tubarões, provando assim a sua coragem. Eu fui-lhe dando algum baile ou fingindo que acreditava... experiência de bar.
Depois, quando soube que o Jeff ía para Salvador, disse para ele ter cuidado, porque ele próprio tinha sido baleado seis vezes em pleno pelourinho, e que só tinha resistido porque tinha tido coragem de enfrentar a dor.
Enfim, foi de tal maneira que a certa altura tive que lhe dar uns berros para ele nos deixar em paz. E o bom do Charles, que era a puxar para o bisonte, baixou a cabeça como uma criancinha, balbuciou umas resmunguices incompreensíveis, e lá se foi embora.
Depois chegou um rapaz carioca que tinhamos conhecido na noite anterior, João, fotógrafo, que vive em Fernando de Noronha (coitado), e que viaja pelo Brasil a tirar fotos (pobrezinho). Mostrou-me o trabalho dele, impressionante. Em sítios como a Chapada Diamantina, na Bahia, que toda a gente aqui glorifica, Marajó, onde vou Sábado, e em Fernando de Noronha. Dei-lhe o mail e disse-lhe que quando for a Lisboa pôde expôr as fotos no Bar.
No fim da noite, os americanos foram para o Aeroporto, despedi-me deles com a certeza de que os vou tornar a ver.
2. Estou indeciso!
Amanhã vou para Belém, Sábado para a ilha do Marajó, quarta para Santarém, Sexta para Alter do Chão e Domingo...
tenho três hipótes:
a) Manaus- Era o meu plano inicial, mas de momento é a hipótese mais remota, porque me sai bastante caro, porque muita gente me diz que não vale realmente a pena e porque planeio fazer mais tarde uma viagem desde o Equador até à Amazônia, entrando na selva pela Venezuela ou pelo Peru, evitando assim o circuito gringo.
b) Salvador- Passar uns dias com o Jeff e a Crissy, sendo que ele já lá viveu dois meses, por isso conhece a cidade. No entanto, não sei se me apetece passar os últimos dias no caos de uma rande cidade.
c) S. Luís/ Santo Amaro- passava a noite de Domingo em S. Luís e segunda ía para Santo Amaro, o tal sítio mais bonito dos lençois,ainda por cima em época de Lua cheia
Aceito sugestões!

Thursday, November 02, 2006

1-11-2006 S. Luís do Maranhão
1. SLB SLB SLB SLB SLB GLORIOSO SLB GLORIOSO SLB
SOMOS A ÁGUIA QUE NO CÉU VAI VOAR
ALTO, MAIS ALTO, NINGUÉM NOS VAI PARAR
SOMOS A RAÇA, A FORÇA E O PODER
BENFICA, VENCER VENCER
Eu sempre disse que o Fernando Santos era um treinador da mais fina estirpe. 3 secos nos católicos de glasgow!
Taça Uefa, here we go!!!
2.Ontem mais um dia descontaído em S. Luís.
Durante o dia alternei uma hora de passeio sob um Sol abrasador com uma hora na cama sob o efeito simultâneo do ventilador de tecto e do ar condicionado a 20°.
Fui comprar a passagem para Belém, sexta-feira, vou no 32 para Caselas e fico ali junto aos Pastéis. Vou de avião porque o autocarro nocturno tem sido assaltado e a diferença entre os dois não chega a 20 euros.
Ao fim da tarde, fui para a esplanadinha com o casal de americanos, que rapidamente estão a ascender à categoria de queridos amigos, com o Gil, israelita, com o finlandês sponsored by nivea e com um sueco muito estranho, totalmente louco, no mau sentido, que vestia um polo lacoste com as golas viradas para cima, num misto de fanã com john travolta.
Numa das mesas, começou uma batucada, que rapidamente se transformou numa roda de samba. É a espontaneidade musical por excelência! Aí ficámos por umas duas horas, sob a égide do Deus Brahma, depois substituido pela Deusa Antártica.
Nisto, passa a menina mais bonita que vi nos últimos tempos. Mas menina mesmo, ela diz que tem 19 mas eu aposto em 16. O Gil foi lá falar com ela e convidou-a a juntar-se a nós. Tadinha, diz que o sonho dela era viver em Inglaterra. Credo! Eu disse-lhe para ela ter cuidado, para não se deixar levar por qualquer gringo e fazer ela a sua vida. Não me parece que tenha ouvido muito, as meninas daqui tem todas esse sonho, a do gringo prince charming que as leve para a Europa.
Resultado, foi um espectáculo burlesco ver o sueco e o finlândes (bem feios, por sinal) a falar inglês com a menina, que não entendia patavina, e ela respondendo em português, também devagar, e os outros sem fazer nenhuma ideia. mas nisto estiveram um bom tempo. pediram-me para traduzir, eu disse que não, o jeff também, e fomos jantar, fugindo daqueles escandinavos deslocados.
No jantar, a Crissy disse-me que quando me viu saltar para dentro da Toyota 4wd imaginou que eu fosse um poeta a viajar há 9 meses pela América Latina. Podia ser pior, não?
Depois, fomos a um bar de reggae um pouco. foi a última noite do jeff e crissy, vão viver para Salvador por três meses. espero manter o contacto, são mesmo pessoas especiais.

Wednesday, November 01, 2006

31-10-2006- S. Luís- Alcântara- S. Luís
1.Combinei com os americanos ir visitar a ilha de Alcântara, a uma hora de barco de S. Luís. Juntaram-se a nós o Gil, um Israelita que era conselheiro económico da embaixada em Madrid e que pôs 2 anos de licença sem vencimento para viajar pela América do Sul, e o Arava ou algo assim, finlandês, estudante de filosofia que também viaja pelo Brasil, mas com pouco talento para isso, já que foi de calcinha de ganga e ténis e gastou uma embalagem de protector na viagem.
Fomos de Catamarã, pensei que ía enjoar, mas nada disso, e 50 minutos depois chegámos a Alcântara, que no final do Séc XIX era a morada dos cidadãos mais influentes do Maranhão, mas que depois entrou em decadência.
Foi um dia muito bonito, em que começámos por entrar em todas as mercearias e frutarias da vila para comer alguma coisa e falar com as pessoas.
Comi uma fatia de bolo de manteiga , uma de bolo de chocolate e um suco de maracujá, tudo por 80 cêntimos.
Depois foi andar entre as casas mais ou menos preservadas e as ruínas, que serviam de campo de futebol e de recreio para os meninos da Escola. Caminhámos em direcção à praia, que é numa ilha limítrofe acessível por balsa.
Estava muito calor, andámos uma hora debaixo do sol do meio dia até que a malta decidiu desistir e ficar debaixo de uma sombra. Eu continuei, queria muito um mergulhito. virei a curva e vi o paraíso, uma pousada com redes, bebida e comida à beira de uma praia de rio, de onde se viam os pássaros vermelhos chamados Guarás, que estão à beira da extinção em quase todo o Brasil, mas que aqui existem com abundância.
Fui chamar os companheiros e ficámos por lá, a beber uma cervejinha e a comer pescadinhas fritas com salada deliciosas.
Quando cheguei, vi o empregado, um negro com afro, a mexer em C.D.s. Como já estou desesperado e não aguento mais ouvir forró, fui ter com ele, e imbuído de preconceito racial, perguntei-lhe se ele não tinha um reggaezinho.
Ele replicou, brusco ¨ Eu não gosto de Reggae não, cara. a minha onda é mais rock dos anos 80, Joy Division, Bauhaus, ou então o básico da electrónica, como kraftwerk, ou o rock alemão de Can ou Einsturzde Neubaten¨
(...)
A cena para mim foi um misto de filme do David Lynch com um sketch de Monty Phyton. fiquei de queixo caído.
Resultado, já nem fui à praia, fiquei horas a falar de música com o cara enquanto ouvimos o ¨ Sky's gone out¨ de Bauhaus, bem como outras bandas novas que ele me mostrou como uma banda galesa de fusão de rock com psy trance e muitas outras coisas, qualquer coisa tentacles, não apontei, mas que em certa medida faz lembrar mogwai ou tortoise. Godiva, faz o teu trabalho.
Na viagem de regresso, ao pôr do sol, coloquei-me na parte dianteira do catamarã a ver S. Luís aproximar-se e a levar autênticos banhos sempre que vinha uma onda maior, daqueles que lavam a alma até ao âmago.
Só me pergunto, será que vou ter algum dia mau???
30/10/2006- S. Luís
1. Decidi dar uma descansada no Blog, porque se estava a tornar rotineiro e porque estou a aproveitar, por um lado, para sentir esta cidade que me encantou, e, por outro para socializar um pouco. Vou actualizá-lo sumariamente.
Na segunda-feira de manhã, estive a caminhar pelo centro histórico de S. Luís, que é muito tranquilo, quase bucólico não fora o calor e o rio/mar imenso que se vai avistando em muitos recantos. Usando uma expressão inglesa, muito
¨Laid Back¨.
Imbuído deste espírito entro na Rua Grande, que é exactamente o oposto, parece um souk árabe em termos de quantidade de pessoas e agitação, lojas na rua principal infindável e feiras nas transversais.
Assim, a paixão por esta terra só aumenta.
De tarde fui à Praia do Calhau, onde não o arreei, mas que também não me impressionou particularmente.
Ao fim da tarde, tinha combinado com o jeff e a crissy, as melhores pessoas que conheci na viagem (very inspiring) na tal esplanadita a la barcelona. Sentei-me e a Safira voltou à carga, convidou-me para ir a uma festa reggae que, segundo ela, era só ¨negritude, gente que gosta do Reggae como nós, nada de Playboys¨
Achei piada à míuda, um pouco armada, mas simpática e extraordinariamente bonita. Escusei-me simpaticamente, por várias razões que não vou aqui discriminar, picha mole és tu, Demo.
Á noite, foi a despedida do casal israelita, foram para Recife, e dei por mim sentado numa mesa do restaurante mais turístico da cidade com o casal de Americanos, três israelitas, duas norueguesas e um finlandês. Gente a mais, forró a altos berros, detestei.
Voltei para o hotel, a Safira seguiu-me e abordou-me outra vez. SOCORRO!!!!
29-10- Barreirinhas- S. Luís do Maranhão

A política é mesmo um nojo (parte 3)

A tal Roseanna Sarney, apoiada pelo grande educador da classe operária, Lula, foi a uma culto da I.U.R.D. receber o apoio directo do líder nacional daquela horde de extortores. Até o Pai dela, o ex-presidente José Sarney, esteve presente na sessão, dizendo coisas como ¨ maldito o homem que não acredita em Deus¨

QUE ASCO!!!

È com declarações destas que uma pessoa arranja Sarney para se coçar.

Acordei virado para Este, por isso vou para S. Luís. Quero sentir a noite eleitoral no meio da civilização. Vou ficar no Hotel ¨Portas da Amazónia¨.
É um bom prenúncio!

Despeço-me de Barreirinhas sob os primeiros pingos de chuva desta viagem. Sei que um dia vou voltar para partilhar o tesouro que são os Lençois com alguém (estar comigo nos lençois é sempre um tesouro!!)

O autocarro para S. Luís vai parando nos sítios onde decorre a votação, depositando os eleitores dos povoados vizinhos.

Apercebo-me que uma das coligações concorrentes no Estado se chama Frente de Libertação do Maranhão. Também não era preciso dramatizar tanto...

Pára em todas as estações e apeadeiros, e ainda por cima esqueci-me de carregar o Ipod, por isso tenho que gramar com a música evangélica, só Deus, Amor, Paz e alegria, com baixo, bateria e até solos de guitarra, que soa a altos berros neste onibus maldito. O dito Autopullman tem escrito na lateral ¨Deus é Fiel¨. Dá-me logo vontade de dizer ¨ dá a patinha, Deus¨, ¨ Anda, Deus, vai buscar o pau¨ ou ¨ senta, Deus, senta. Good God¨

Ok, este está a ser o ponto mais baixo desta viagem, ainda pior que deixar cair a camara ao rio. Há 4 horas que estou a ouvir as mesmas seis músicas evangélicas. BASTA!!! PELAMORDEDEUS!!! Ops, isso não. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!

Cheguei a S. Luís. Que cidade tão linda, amor à primeira vista, um misto de Lisboa com aldeia alentejana e beirã, espraiada sobre um um Rio/ Mar multicolorido, que seca quase 50% ao fim da tarde. I think i'm in LOOOOVEEEE! Por alguma razão é património mundial da UNESCO. (fotos gentilmente cedidas por uma amiga)























A pousada Portas da Amazônia é excelente, uma casa colonial restaurada, rústico mas com extremo bom gosto. Definitivamente, vou gostar de estar aqui...

Cheguei à Pousada e na Internet estava o meu amigo Piloto da Iberia. Fiquei muito contente, porque não tinha ficado com o contacto deles,e provavelmente não os veria mais. fomos ter com o outro piloto, bebemos uma cervejinha numa praçinha muito barcelona style, a ouvir um reggae, e encontrámos os Americanos e os Israelitas. o grupinho juntou-se outra vez. Ainda bem, naquele momento estava com vontade.

Decidimos ir a uma festa reggae que havia numa praia. os dois casais foram andando e eu e os espanhóis fomos mais tarde. fomos de Táxi até à Praia e, chegados lá, perguntámos se havia por ali algum restaurante. Estávamos os três com o estômago colado às costas de fome, diga-se. O motorista, para não destoar da corrupção transfronteiriça que caracteriza a sua classe profissional (eu diria mesmo espécie infra-humana), disse-nos que não, que ali não havia nada, e que para nos levar a um tinhámos que pagar mais. Dissemos que não e saímos do carro, já conformados com a ideia de comer um rotidogui (hot dog).

Andámos alguns passos desanimados, quando, à Beira-Rio plantado, vislumbro um restaurante japonês. quase me vieram as lágrimas aos olhos, eu e o Joan até nos abraçámos, porque os dois veneramos a gastronomia kamikaze.

E lá comemos um barquinho de 45 peças com duas caipirinhas de saké cada um :p, 12 euros por cabeça. ARIGATO!

Entretanto, a festa era rija, o Jackson ganhou É 12 É 12 É 12. Bem feita para a sarneynta, poque, segundo me disseram, há decádas que a família dela é hegemónica no Maranhão,e, apesar de ser apoiada pelo molusculo cefalópode, é mais de direita que o Jackson. Por isso, VIVA O 12!!!!

Depois de jantar, lá arrancámos para a festa Reggae. Mal chego, aproxima-se de mim uma neguinha muito bonita, grandes tranças, via-se que era a dona do pedaço, e diz-me ¨ Comé, gato, vem dançar um reggaezinho bem gostoso comigo?¨ ao que eu respondi ¨¨ Não, agora não, obrigado¨

O rosto dela transfigurou-se de uma maneira que devia ter sido filmado. Se não era a primeira nega que ela levava na vida, não andava longe disso.¨

¨ Não?-disse- mas não porquê?¨

¨Porque acabei de chegar e agora não me apetece, talvez mais tarde.¨

¨ Aí, o meu princípe não pode dançar porque chegou agora¨, disse ela, lixadíssima.

¨ Calma, Rainha- disse eu para fazê-la sorrir- você não ia querer dançar com um portuga com dois pés esquerdos¨

E assim ficou com uma troca de sorrisos. Mais tarde descobri que era Safira, rainha do Reggae de S. Luís e uma das principais do Candomblé cá do sítio, que se chama tambor de Creola, que no fim da festa fizeram uma cerimónia espectacular.

Pouco depois veio falar comigo uma Paulista cujo Pai tinha sido responsável pela campanha do dito Jackson e ela é nada menos que tetraneta do ... Eça de Queiros, chama-se mesmo assim, Isabel Eça de Queiroz, vi no BI.

Enfim, uma noite do camandro...
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